O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, criticou duramente a atuação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) diante das incursões aéreas da Rússia em território ucraniano. Em entrevista ao portal norte-americano Axios, Zelenski avaliou como “fraca” a resposta da aliança militar e defendeu ações mais firmes para proteger o espaço aéreo da Ucrânia.
"Eles tinham que derrubar tudo. Se alguém está na sua terra matando seu povo, você tem que responder. Se os jatos estão no seu espaço, você tem que bloqueá-los", afirmou o líder ucraniano, que completou dizendo que a falta de reação efetiva estimula Moscou a continuar testando os limites das forças ocidentais.
Mudança de postura de Trump
Durante a entrevista, Zelenski também comentou sobre o recente encontro que teve com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à margem da Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Segundo ele, Trump demonstrou uma postura diferente em relação à guerra.
"O presidente Trump entendeu que Vladimir Putin não vence hoje. Tem muitas perdas, milhares", disse. Para Zelenski, o republicano agora reconhece a gravidade do conflito e o papel da Rússia como responsável direto pelas hostilidades.
Zelenski também afirmou que Trump expressou desejo de encerrar o conflito, mas alertou que Putin “mentiu para ele e está jogando”, em referência a possíveis manipulações do líder russo sobre a narrativa da guerra.
Segurança bilateral com os EUA
Durante a conversa com a Axios, Zelenski revelou que pediu formalmente aos Estados Unidos garantias bilaterais de segurança, considerando-as essenciais para restaurar a confiança dos aliados europeus e conter avanços russos em território ucraniano.
“Essas garantias são fundamentais para dar segurança aos europeus. É uma medida de contenção, mas também de esperança para a Ucrânia”, afirmou.
Cessar-fogo e territórios ocupados
Questionado sobre uma possível negociação de paz, Zelenski reiterou que a Ucrânia não reconhecerá os territórios ocupados pela Rússia, mas admitiu a possibilidade de discutir a devolução dessas regiões pela via diplomática, futuramente, caso haja cessar-fogo.
A declaração marca um tom ligeiramente mais pragmático do líder ucraniano, que até então adotava uma posição rígida sobre a integridade territorial imediata da Ucrânia.
