
Nesta terça-feira (10), o deputado Zé Teixeira (PSDB) trouxe à Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul mais uma rodada de pedidos para melhorias nas rodovias estaduais. Entre as solicitações ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), estão reparos no acesso da BR-376 e a instalação de uma passarela elevada na BR-463, em Dourados. Aparentemente, são reivindicações legítimas e necessárias, mas a iniciativa do deputado levanta uma questão incômoda: até quando dependeremos de "pedidos" pontuais para resolver problemas estruturais tão recorrentes?

A política dos remendos - Ao trazer à tona o desgaste de um trevo na BR-376 e a insegurança para pedestres na BR-463, Zé Teixeira mais uma vez aponta para problemas que, na verdade, fazem parte do dia a dia das estradas do estado. O deputado, ao invés de questionar as razões pelas quais o DNIT não consegue garantir uma manutenção adequada dessas vias ou demandar soluções permanentes, adota a postura habitual de muitos políticos brasileiros: remendar os problemas com solicitações pontuais, tratando os sintomas, mas nunca a doença.
As estradas de Mato Grosso do Sul, como as de tantas outras partes do país, sofrem há anos com a falta de manutenção adequada e planejamento de longo prazo. De tempos em tempos, aparecem demandas urgentes, como a do trevo da BR-376. No entanto, a lógica permanece a mesma: esperar que a infraestrutura entre em colapso para depois tentar salvar o que resta. E é exatamente essa a crítica que Zé Teixeira parece evitar. Por que, após anos de mandatos, o deputado ainda não defende soluções estruturais e permanentes para os problemas rodoviários? Em vez de apenas pedir reparos, por que não se posiciona mais fortemente em prol de uma política estadual ou nacional de manutenção constante e preventiva?
O risco de medidas temporárias - A passarela solicitada para a BR-463 também é outro exemplo. Claro que uma passarela pode reduzir o risco de acidentes no trecho urbano entre os bairros BNH 4º Plano e Campo Dourado, mas é apenas uma solução localizada. Qual é o plano de longo prazo para a segurança de pedestres em outras áreas da cidade e do estado? Por que não discutir de forma mais ampla a necessidade de infraestrutura adequada em todas as rodovias que cortam áreas urbanas? A instalação de uma passarela é, no fundo, uma solução paliativa para um problema maior de planejamento rodoviário e segurança urbana.
Zé Teixeira, em vez de se concentrar na instalação de obras pontuais, poderia usar sua posição e influência para liderar um debate mais profundo sobre a falta de investimento real e consistente em segurança viária. Se as demandas de sua própria região já se acumulam de forma tão óbvia, o que dizer do restante do estado?
Um deputado acomodado em velhas práticas? Ao focar sua atuação em pedidos pontuais e específicos, Zé Teixeira parece confortável em seguir a velha política de "pequenas conquistas". O deputado reivindica ao DNIT — uma instituição que há anos lida com problemas crônicos de subfinanciamento — o que poderia ser resultado de uma política pública mais eficiente, não de uma solicitação individual. Em vez de iniciativas fragmentadas, ele poderia atuar para pressionar por um planejamento estadual mais abrangente, que garantisse a manutenção e melhoria constante das rodovias, reduzindo a necessidade de pedidos emergenciais.
Zé Teixeira, em sua longa trajetória política, poderia ser a voz que defende mudanças reais na forma como as estradas são geridas, planejadas e conservadas no estado.
