VÍDEO: Rose Modesto acredita que excesso de fake news atrapalhou seu resultado no 1º turno

Candidata Rose Modesto - (Fotos: Lorena Sone)

Em entrevista ao jornal A Crítica nesta terça-feira (15), Rose Modesto (União Brasil) à Prefeitura de Campo Grande, afirmou que a disseminação de fake news foi um dos principais fatores que prejudicaram seu desempenho no primeiro turno das eleições. Para ela, a circulação de desinformações influenciou negativamente o processo eleitoral.

"A informação que recebemos é que o último vídeo criminoso, disseminado no dia da eleição, foi um fake news disparado por robôs. Isso significa que ele pode ter chegado a pelo menos 500 a 600 mil WhatsApps em Campo Grande. Tenho certeza de que isso prejudicou e influenciou o resultado da eleição, e precisamos combater isso", detalha.

A ex-deputada deixa claro que, ao mencionar isso nas entrevistas, não é para se vitimizar. "Falo sobre isso porque é importante que o eleitor conheça a verdade — a verdade sobre quem somos, quem sou eu, quem é Adriane, como foi o trabalho à frente da prefeitura e como foi meu desempenho nos cargos que já ocupei. É fundamental que as pessoas possam escolher com base na verdade. Fake news é crime justamente porque tem o poder de alterar o resultado de uma eleição, e precisamos combater isso até o último segundo", ressalta.

Veterana em eleições, Modesto ressaltou que, nunca foi vítima de tantas desinformações. "Outro ponto é que nunca enfrentei uma eleição com tanta mentira, tanta fake news. Isso é muito complicado, porque, embora eu tenha sido vítima de mais de 80 fake news, disparadas por robôs em grupos de WhatsApp, a maior vítima é a democracia. Muitas pessoas mudam o voto com base em mentiras criminosas, como aconteceu no dia da eleição, no dia 6 de domingo. Logo pela manhã, às 6h, quando abri meu celular, já estava circulando mais um vídeo, de 13 minutos, me acusando de envolvimento em desvio de merenda, algo que nunca administrei. Uma mentira bem contada, para muitos, vira verdade", lamenta.

Rose Modesto atribui resultado do primeiro turno às fake news e promete focar na desburocratização e no desenvolvimento econômico para atrair mais investimentos a Campo Grande

A ex-deputada federal falou que neste segundo turno é necessário se comunicar todos os outros candidatos, por isso, não vê problemas em alianças formadas por sua adversária com outros nomes. "Precisamos nos comunicar com os eleitores que votaram em outros candidatos no primeiro turno, como os eleitores do Beto Pereira. No segundo turno, esses eleitores terão que escolher alguém, e eu quero dialogar com eles, assim como com os eleitores do Beto Figueiró, Luso, Ubirajara e Camila. Quero conversar com todos que buscam mudança, porque aqueles que não votaram na atual prefeita estão pedindo por isso. Nossa estratégia agora não é buscar alianças partidárias, mas sim uma aliança com os eleitores que desejam uma Campo Grande melhor. Muitas pessoas estão sofrendo, e esse é o foco", detalha.

Rose é de direita ou esquerda? - Eleitores e alguns parlamentares estão dizendo que a candidata representa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Campo Grande. Questionada, a Rose nega a informação.

"As pessoas tentam me rotular como de esquerda, mas nunca fui. Eu sou de um partido de centro-direita, o União Brasil, o partido do Caiado. Tenho meus posicionamentos firmes, sou contra o aborto, contra a descriminalização das drogas, e a favor da família. Essas são pautas que acredito serem de todas as pessoas de bem. No entanto, rotular alguém e evitar discutir os problemas que Campo Grande enfrenta não é o caminho. Temos que debater a gestão da Adriane, que já está há quase oito anos no governo, sendo três anos como prefeita", diz.

A ex-tucana deu exemplos de nomes bem conhecidos na política e que já passaram por siglas consideradas de esquerda. "Gosto de citar alguns exemplos, como a ex-ministra e atual senadora Tereza Cristina, por quem tenho grande respeito. Ela vem do Partido Socialista Brasileiro (PSB), o mesmo partido do vice-presidente Geraldo Alckmin, que está ao lado do presidente Lula [...] E o Tarcísio, governador de São Paulo, é um homem de direita, mas já prestou serviço como ministro do governo Dilma. Isso mostra que, independentemente de partido, é possível trabalhar juntos", pontua.

Burocracia - Rose trouxe à tona um dos principais desafios que, segundo ela, tem travado o desenvolvimento de Campo Grande: a burocracia. De acordo com a candidata, o excesso de procedimentos administrativos e a falta de eficiência da gestão pública têm afastado investidores e comprometido o crescimento econômico da cidade. "Hoje, Campo Grande está travada. Quando um empresário pensa em investir na cidade, muitas vezes desiste, e talvez seja por isso que estamos perdendo tantos investimentos. A falta de diálogo, de ferramentas adequadas para os servidores trabalharem e de tecnologia tem criado obstáculos. Essa burocracia afasta os empresários, que acabam buscando locais onde é mais fácil investir", diz.

Candidata ao segundo turno das eleições aponta falhas na gestão atual e promete mudanças profundas na educação e na valorização dos profissionais da cidade

Rose citou exemplos concretos dessa dificuldade ao relatar conversas que teve com empresários dos núcleos industriais Polo Norte. Segundo a candidata, esses empresários enfrentam problemas estruturais graves, como a falta de transporte público adequado, creches e asfalto. "Eles estão com dificuldade de manter suas operações em áreas que não oferecem o mínimo de infraestrutura básica", comentou. Segundo ela, a ausência de pavimentação e outros serviços compromete a produção e a logística das empresas. "Não é viável montar uma empresa onde a infraestrutura básica, como ruas asfaltadas, não existe", reforçou.

Com um plano de governo focado na simplificação e modernização administrativa, Modesto destacou a importância de investir em tecnologia para otimizar o atendimento às demandas empresariais. "Nosso foco será investir em infraestrutura, tecnologia e simplificação de processos para que Campo Grande se torne uma cidade mais competitiva", disse. Segundo a candidata, essa simplificação dos processos é essencial para que a capital se torne atraente não apenas para as empresas locais, mas também para novos investidores que desejam expandir seus negócios.

Modesto também defendeu a necessidade de ampliar os incentivos fiscais e melhorar a infraestrutura da cidade como parte de uma estratégia para atrair mais empresas e gerar empregos. "Os incentivos e a infraestrutura necessários para atrair investimentos em Campo Grande precisam ser aprimorados. Hoje, os empresários enfrentam desafios como a falta de transporte público adequado, creches e asfalto. É preciso mudar isso para que possamos receber novos investimentos", afirmou.

Educação - Professora, Rose reforçou seu compromisso com a educação, tema que, segundo ela, vai muito além de sua formação como educadora. "Quando defendo a educação, não o faço apenas porque sou professora, mas principalmente porque sou resultado do que a educação proporcionou na minha vida", declarou Modesto. Reconheço a luta dos educadores e minha gestão terá um olhar atento à valorização desses profissionais e, especialmente, dos servidores administrativos que, muitas vezes, são esquecidos nas discussões sobre políticas educacionais", diz.

Para Rose, a educação em Campo Grande precisa de uma reestruturação profunda, e um dos primeiros passos será cumprir a lei que estabelece o piso de 20 horas para os professores, além de discutir o Plano de Cargos e Carreira dos servidores administrativos da educação. "Hoje, muitos desses servidores, como merendeiras, profissionais da limpeza, secretários e auxiliares de educação especial, não recebem sequer um salário mínimo. Quando os descontos são aplicados, o valor cai abaixo do mínimo. Isso é inaceitável, e nós vamos valorizar esses profissionais", afirmou.

A candidata se comprometeu a implementar o Plano de Cargos e Carreiras de forma gradativa, respeitando as limitações orçamentárias, mas garantindo que todos os servidores sejam devidamente remunerados. "No primeiro ano da nossa gestão, será um grande desafio, mas temos que acabar com os gastos errados, como a folha secreta apontada pelo Tribunal de Contas", criticou Rose. Segundo ela, essa folha salarial oculta, que beneficia alguns servidores com salários exorbitantes, estaria drenando recursos que poderiam ser usados para melhorar a cidade. "São milhares de pessoas recebendo salários altos, acima de R$40 mil, R$50 mil, até R$80 mil, e, pior ainda, com familiares da prefeita envolvidos, como a imprensa já divulgou", disse Modesto, destacando que eliminar esses excessos permitirá investir em áreas prioritárias.

Segundo Rose, a economia gerada pela extinção dessa folha secreta poderia ser direcionada para construir um hospital municipal e 21 novas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), equipando-as sem a necessidade de empréstimos. Ela também acredita que esses recursos permitiriam a valorização de servidores da saúde, educação e assistência social, categorias que são essenciais para atender as necessidades dos quase um milhão de habitantes de Campo Grande. "Com essa economia, poderemos valorizar os servidores da educação, saúde e assistência social, que são fundamentais para o cuidado da nossa cidade", afirmou.

Saúde - Para a candidata, a crise no setor da saúde é o maior problema enfrentado pela população da Capital, e ela se comprometeu a tratar o tema com urgência, destacando o sofrimento de famílias que não conseguem atendimento médico a tempo. "É triste ouvir os áudios que recebo de pessoas contando sobre a perda de netos por não conseguirem atendimento no momento certo, ou de pais e mães que esperaram e não foram chamados", lamentou Rose.

Segundo a candidata, a situação atual do sistema de saúde municipal, com longas filas de espera para cirurgias, exames e consultas especializadas, exige ações imediatas. "Minha prioridade número um será a saúde, e vou trabalhar muito focada nisso. Vamos começar imediatamente com ações concretas", afirmou Modesto, destacando que sua gestão será pautada pela eficiência e rapidez no atendimento à população.

A principal proposta de Rose Modesto para resolver o acúmulo de cirurgias pendentes é a realização de mutirões em parceria com os hospitais já existentes. Atualmente, segundo a candidata, há 17 mil cirurgias na fila de espera. “Vamos realizar um mutirão para as 17 mil cirurgias pendentes, trabalhando com os oito hospitais que já existem, até que possamos construir o hospital municipal”, declarou. Para ela, a construção do novo hospital é importante, mas não pode ser a única solução a curto prazo. "Ninguém é contra a construção do hospital, apesar de não ter sido discutido com o Conselho Municipal de Saúde e os órgãos de controle. Mas enquanto o hospital não é construído, precisamos atender as pessoas que estão sofrendo agora", pontuou.

Rose também propôs um plano para agilizar a realização de exames médicos, uma demanda que tem se tornado insustentável no atual sistema de saúde de Campo Grande. Segundo a candidata, o mutirão também se estenderá para os exames, tanto no sistema público quanto em clínicas particulares. Ela pretende firmar parcerias com clínicas dispostas a realizar exames a preços acessíveis, utilizando uma “tabela social” ao invés da tabela padrão do SUS. "Faremos um mutirão para os exames, tanto no sistema público quanto em clínicas particulares que estejam dispostas a vender exames para a prefeitura, não pela tabela SUS, mas por uma tabela social, para agilizar o atendimento", explicou.

Rose Modesto se compromete com valorização dos servidores da educação e saúde, além de reestruturar o sistema de ensino com investimentos em tecnologia e educação especial

Outra medida inovadora prometida por Rose Modesto é a implementação da telemedicina para consultas com médicos especialistas. De acordo com a candidata, é inviável oferecer todas as especialidades médicas em cada unidade de saúde da cidade, mas a telemedicina pode ser uma alternativa eficiente para conectar pacientes e especialistas de forma rápida e acessível. "Quanto às consultas com médicos especialistas, já que não é possível ter todas as especialidades em todas as unidades de saúde, vamos implementar a telemedicina", disse.

Para viabilizar essa proposta, Rose prevê a instalação de 14 gabinetes de telemedicina em unidades de saúde já existentes, distribuídos nas sete regiões de Campo Grande. Segundo a candidata, essa estrutura não requer a construção de novos prédios, apenas o investimento em equipamentos e tecnologia, com um custo estimado de R$30 milhões. "Teremos 14 gabinetes montados nas sete regiões da cidade, usando as unidades de saúde que já existem, sem a necessidade de construir novos prédios, apenas de equipar esses locais", destacou.

Ela também sublinhou a importância de proporcionar melhores condições para os servidores públicos. Segundo a candidata, os servidores enfrentam dificuldades no exercício de suas funções por falta de tecnologia e ferramentas adequadas. "A falta de ferramentas adequadas para os servidores trabalharem e de tecnologia tem criado obstáculos", explicou Rose. Ela acredita que a modernização da administração pública será um dos pilares de sua gestão, caso seja eleita. "Precisamos criar um ambiente em que os servidores tenham as condições necessárias para prestar um bom serviço à população e, assim, contribuir para o desenvolvimento da cidade", completou.

A candidata agradeceu aos eleitores do primeiro turno que a levaram ao segundo turno. "Continuem firmes com a gente, tudo vai dar certo, se Deus quiser. Estou pronta, preparada, e só preciso de uma chance. Se puder, me dê um voto de confiança no dia 27 de outubro, votando 44. Com fé em Deus, vamos chegar lá para trabalhar por Campo Grande", finaliza. Confira a entrevista na íntegra:

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