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TENSÃO INTERNACIONAL

Maduro convoca civis para reforçar segurança na Venezuela em meio à tensão com os EUA

Mais de 4 milhões de milicianos foram incorporados às Forças Armadas; Caracas reage ao envio de navios americanos ao Caribe

24 agosto 2025 - 14h00Redação O Estado de S. Paulo
Um membro da guarda presidencial venezuelana mostra armas aos que se alistaram para integrar as milícias civis durante uma campanha nacional de recrutamento convocada pelo ditador Nicolás Maduro, no Museu Militar de Caracas, Venezuela.
Um membro da guarda presidencial venezuelana mostra armas aos que se alistaram para integrar as milícias civis durante uma campanha nacional de recrutamento convocada pelo ditador Nicolás Maduro, no Museu Militar de Caracas, Venezuela. - Foto: Ariana Cubillos/AP
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Centenas de venezuelanos se reuniram neste sábado (23) em praças públicas e quartéis do país após o ditador Nicolás Maduro convocar a população a se alistar em milícias voluntárias. A mobilização ocorre em meio à escalada da tensão entre Venezuela e Estados Unidos, impulsionada pelo anúncio da movimentação de três navios de guerra americanos em direção ao Caribe.

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“Convoco todos os milicianos e todo o povo que queira se alistar para dizer ao imperialismo: basta dessas ameaças”, declarou Maduro em pronunciamento transmitido pela TV estatal.

A ação faz parte de uma estratégia de resposta do governo venezuelano ao que classifica como ameaças externas, especialmente após os EUA dobrarem a recompensa pela captura de Maduro para US$ 50 milhões e anunciarem a apreensão de US$ 700 milhões em bens ligados ao regime chavista.

Milicianos nas ruas e nos quartéis

A mobilização, batizada de “jornada de alistamento popular”, aconteceu em diversas partes do país, incluindo áreas urbanas e rurais, com civis se apresentando para integrar as chamadas milícias bolivarianas – uma força paralela às Forças Armadas, criada por Hugo Chávez em 2008 para "defesa da pátria" contra ameaças externas e internas.

Na última quinta-feira, Maduro oficializou a incorporação de 4,5 milhões de milicianos às tarefas de segurança em comunidades, alegando reforçar a "capacidade logística e organizativa" do país.

Segundo o ministro da Defesa, Vladimiro Padrino, o alistamento é “voluntário” e representa uma resposta popular à “agressão imperialista”.“As diferenças com os Estados Unidos não são novas. Mas a mobilização do povo é clara: não aceitamos intimidações”, disse o ministro em coletiva à imprensa.

Conflito geopolítico no Caribe

A convocação acontece dias após os EUA confirmarem a mobilização de três navios de guerra com destino à região do Caribe. Oficialmente, a operação é voltada para o combate ao narcotráfico internacional, mas a proximidade com as águas venezuelanas acirrou a tensão diplomática.

Apesar de fontes americanas indicarem que a chegada das embarcações pode levar meses, autoridades dos EUA admitem que o envio pode ser antecipado, aumentando o risco de incidentes.

Em resposta, o governo de Maduro proibiu o sobrevoo de drones por 30 dias e passou a buscar apoio político de aliados regionais.

Apoio do bloco ALBA

A Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA), composta por oito países – entre eles Cuba e Nicarágua –, emitiu uma nota condenando o envio dos navios americanos e classificando a ação como “ameaça à paz e à estabilidade da região”.

A nota reforça o discurso do governo venezuelano, que tenta internacionalizar a crise com apoio de aliados ideológicos e reforçar a retórica contra o "imperialismo norte-americano".

Milícias e Forças Armadas: estrutura paralela

As milícias bolivarianas atuam como uma força auxiliar das Forças Armadas, com treinamento militar, uniforme e armamento, e participam regularmente de exercícios e missões de vigilância comunitária. Segundo dados oficiais, as Forças Armadas da Venezuela contam com aproximadamente 200 mil soldados regulares.

A integração de 4,5 milhões de civis armados representa um aumento significativo na força disponível para o regime, que enfrenta não apenas tensões externas, mas também instabilidade interna, com crises econômicas e sociais prolongadas.

Escalada sob pressão internacional

Maduro é alvo de acusações formais de narcoterrorismo pela Justiça americana, que sustenta que o regime atua em colaboração com cartéis e redes criminosas. A elevação da recompensa por sua captura e a intensificação das sanções financeiras fazem parte da estratégia dos EUA para isolar politicamente o governo venezuelano.

A presença militar americana no Caribe, ainda sem data oficial de chegada, tem potencial para acirrar ainda mais a instabilidade regional e testar os limites da diplomacia nas próximas semanas.

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