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INTERNACIONAL

Trump nega ter discutido reconhecimento do Estado palestino com primeiro-ministro britânico

Presidente dos EUA disse que não conversou com Keir Starmer sobre a Palestina e reforçou apoio à entrega de ajuda humanitária em Gaza por meio de Israel

29 julho 2025 - 15h55Pedro Lima
Trump nega que tenha discutido com Keir Starmer o reconhecimento da Palestina e reforça apoio à ajuda humanitária em Gaza.
Trump nega que tenha discutido com Keir Starmer o reconhecimento da Palestina e reforça apoio à ajuda humanitária em Gaza. - (Foto: Andrew Caballero-reynolds)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira, 29, que não discutiu com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, qualquer eventual reconhecimento do Estado da Palestina por parte do governo britânico. Segundo ele, não houve qualquer conversa sobre o tema, ao contrário do que vinha sendo especulado por diplomatas internacionais.

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"Nunca discutimos a decisão do Reino Unido de reconhecer o Estado palestino, a menos que Israel atue em Gaza", declarou Trump durante coletiva a bordo do Air Force One, na volta de sua visita à Escócia.

A declaração ocorre num momento de intensas discussões sobre o futuro da Faixa de Gaza, diante da crise humanitária provocada pela guerra entre Israel e o Hamas, e também após alguns países europeus anunciarem apoio à solução de dois Estados. O Reino Unido, sob o novo governo trabalhista de Keir Starmer, tem sido pressionado internacionalmente a se posicionar formalmente sobre o reconhecimento da Palestina.

Esforço para ampliar ajuda humanitária

Durante a mesma entrevista, Trump procurou destacar os esforços dos Estados Unidos e de outras nações para viabilizar a entrega de alimentos à população palestina em Gaza. Segundo ele, “muito dinheiro está sendo enviado” à região por diferentes países, inclusive pelos próprios EUA.

"Muito dinheiro está sendo enviado à Gaza para comida por vários países, como os EUA", disse o presidente norte-americano. "Israel quer garantir que a distribuição de comida em Gaza seja feita da maneira correta".

Trump explicou que o governo dos Estados Unidos tem financiado parte da operação logística da ajuda humanitária, em articulação com Israel, com o objetivo de reduzir o sofrimento dos civis palestinos.

"Falamos com Netanyahu há dois dias. Os EUA mandaram dinheiro para Israel para levar comida até Gaza", declarou o presidente.

Confiança em Israel

Questionado por jornalistas sobre a capacidade de Israel distribuir de forma eficaz a ajuda humanitária, Trump afirmou que confia nas autoridades israelenses e negou qualquer risco de desvio de alimentos.

“Sim, Israel quer fazer isso. Israel não quer o Hamas roubando comida”, afirmou o republicano, repetindo acusações já feitas anteriormente por seu governo de que o grupo terrorista Hamas estaria desviando parte da ajuda enviada a Gaza — versão que foi contestada por autoridades israelenses ouvidas pelo New York Times e também por ONGs humanitárias.

O presidente não comentou diretamente sobre as acusações da ONU e de outras organizações internacionais que denunciam a insuficiência dos esforços humanitários e o bloqueio imposto por Israel à entrada de alimentos, combustível e remédios. Tampouco respondeu sobre o relatório da IPC (Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar), que apontou nesta semana o “pior cenário possível de fome” em Gaza.

Pressão internacional sobre Israel

A fala de Trump ocorre num contexto em que a pressão internacional sobre Israel aumenta, especialmente após a divulgação de imagens e dados sobre desnutrição severa entre crianças palestinas, além de alertas sobre mortes em massa provocadas pela falta de alimentos e infraestrutura no território.

Na segunda-feira, 28, o próprio presidente dos EUA havia se distanciado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ao dizer que "com base nas imagens da televisão, essas crianças parecem muito famintas", em referência às cenas vindas da Faixa de Gaza.

"Israel tem muita responsabilidade pela crise humanitária", disse Trump na ocasião, ainda que tenha culpado também o Hamas por tentar manipular a situação em benefício próprio.

A pressão para uma solução diplomática mais abrangente também vem crescendo entre países aliados dos EUA. No Parlamento britânico, deputados do Partido Trabalhista e também de legendas conservadoras têm defendido uma postura mais incisiva do Reino Unido no reconhecimento do Estado da Palestina, como forma de acelerar o fim do conflito e dar respaldo à solução dos dois Estados.

Apesar disso, Trump evitou assumir qualquer posição sobre o reconhecimento da Palestina por parte do Reino Unido. Ao mesmo tempo, sua equipe reforçou que os EUA seguem defendendo uma solução pacífica, mas condicionada à segurança de Israel e à desmilitarização da Faixa de Gaza.

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