O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a fazer duras críticas aos projetos de energia renovável, especialmente os relacionados à energia eólica, durante discurso de abertura da reunião do gabinete do governo, realizada nesta terça-feira (26). Em sua fala, o republicano afirmou que esse tipo de iniciativa estaria “arruinando os Estados Unidos” e prometeu encerrar projetos de energia verde em seu governo.
“Países que investem em energia verde estão se arruinando, espero que também voltem para os combustíveis fósseis”, declarou Trump. Sem apresentar dados ou evidências, o presidente defendeu que apenas os combustíveis fósseis e a energia nuclear “realmente funcionam”.
A declaração vai na contramão de diversas metas e compromissos ambientais assumidos por países desenvolvidos nas últimas décadas, especialmente aqueles presentes no Acordo de Paris, que estabelece a redução das emissões de gases de efeito estufa como prioridade global para conter as mudanças climáticas.
Energia e inteligência artificial: conexão polêmica
Trump também fez uma conexão direta entre a produção de energia e o avanço tecnológico dos Estados Unidos, especialmente no campo da inteligência artificial (IA). Segundo ele, o desempenho energético do país seria uma das razões pelas quais os EUA “lideram a China em inteligência artificial”.
“Temos muita energia. Mas além de toda energia que temos até agora, temos que aumentar em três ou quatro vezes mais”, afirmou. A fala reforça uma visão estratégica do atual governo republicano de que o domínio energético está diretamente ligado à capacidade de inovação tecnológica e competitividade global.
Contraste com políticas anteriores e críticas ambientais
As declarações de Trump marcam um forte contraste com as políticas ambientais adotadas por governos anteriores, como o de Joe Biden, que promoveu estímulos bilionários à transição energética, ampliando investimentos em fontes limpas e renováveis, como solar e eólica.
A postura do atual presidente, no entanto, alinha-se com a base conservadora que frequentemente critica as regulamentações ambientais por considerar que prejudicam a economia e geram impactos negativos no setor produtivo, especialmente em áreas rurais e industriais.
Trump já havia manifestado anteriormente seu desdém por turbinas eólicas, inclusive alegando — sem comprovação — que elas causam câncer, prejudicam a paisagem e matam pássaros em excesso. A repetição do discurso agora ocorre em um momento em que o republicano busca consolidar apoio no ano eleitoral de 2025.
Risco para compromissos climáticos globais
As críticas de Trump à energia verde reacendem o debate sobre o papel dos Estados Unidos na agenda ambiental internacional. Como uma das maiores economias do mundo e um dos principais emissores de carbono, as decisões do país impactam diretamente os compromissos globais em torno do clima.
Especialistas alertam que a retomada agressiva de investimentos em combustíveis fósseis, combinada à redução de apoio a fontes renováveis, pode comprometer não só os avanços já alcançados, mas também agravar os efeitos das mudanças climáticas.
Ao mesmo tempo, China e União Europeia têm reforçado suas estratégias de transição energética, o que pode reposicionar as lideranças globais na corrida por tecnologias limpas, abrindo espaço para a criação de empregos verdes e novos mercados sustentáveis.
