bonito
SUICÍDIO

Caso Epstein volta à cena e expõe rachadura no bolsonarismo americano

Relatório que nega conspiração no caso Epstein expõe divisão inédita entre apoiadores de Trump.

15 julho 2025 - 07h46Ricardo Eugenio
O empresário americano Jeffrey Epstein foi encontrado morto em sua cela em agosto de 2019
O empresário americano Jeffrey Epstein foi encontrado morto em sua cela em agosto de 2019 - (Foto: AP / AP)

O nome Jeffrey Epstein voltou a circular no noticiário dos Estados Unidos nos últimos dias, e o impacto chegou diretamente ao centro do universo político de Donald Trump. Um relatório oficial divulgado pela procuradora-geral Pam Bondi confirmou que Epstein morreu por suicídio em 2019 e que não há lista de clientes nem evidências de conspiração, contrariando anos de teorias alimentadas pelo próprio ex-presidente e seus aliados.

Canal WhatsApp

O documento, que tinha como objetivo encerrar de vez as especulações sobre o caso, produziu o efeito oposto: revolta dentro da base trumpista. Grupos ligados ao movimento MAGA (Make America Great Again) se dizem traídos, após anos ouvindo promessas de que uma suposta “lista de clientes” de Epstein viria à tona e implicaria grandes nomes da elite política e econômica americana.

Epstein, condenado por tráfico sexual de menores, foi encontrado morto em uma prisão federal em Nova York em 2019. Desde então, teorias sobre um esquema de exploração sexual e chantagens envolvendo figuras públicas ganharam força, especialmente em círculos da direita radical. A ausência de respostas claras e a atmosfera de sigilo em torno do caso deram combustível a suposições — muitas delas amplificadas nas redes por apoiadores e até pelo próprio Trump.

No entanto, com o novo relatório encerrando a possibilidade de uma conspiração, Trump mudou de postura e passou a defender a versão oficial, gerando um racha inédito em sua base de apoio. A divisão ficou evidente quando aliados próximos passaram a expressar, publicamente, desconfiança sobre o relatório e a criticar o ex-presidente por ter “cedido à narrativa institucional”.

Para parte da base conservadora, o caso virou uma espécie de símbolo de tudo o que está errado com as instituições, alimentando a crença de que “a verdade nunca virá à tona” por causa de um suposto pacto de proteção mútua entre elites políticas.

A mudança de tom de Trump também está sendo lida como um teste de lealdade interno, em um momento delicado de sua pré-campanha. O episódio é visto como mais um fator de desgaste político para o ex-presidente, que já enfrenta múltiplos processos judiciais e pressões dentro do Partido Republicano.

Do outro lado do espectro político, democratas tentam explorar o momento. Deputados da oposição apresentaram propostas para que os arquivos completos do caso Epstein sejam tornados públicos, com o objetivo de expor contradições dentro da base conservadora e forçar o Partido Republicano a se posicionar. O gesto tem tanto peso simbólico quanto estratégico, mirando o eleitorado independente e o noticiário nacional.

Apesar de o relatório tentar pôr fim à polêmica, o caso Epstein segue como um fantasma político para Trump, agora não mais por conexões diretas com o financista, mas pelo colapso da narrativa que ajudou a alimentar — e pela reação de um grupo que, até pouco tempo, o apoiava sem reservas.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop