
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira, 31, que será "muito difícil" firmar um acordo comercial com o Canadá após o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, anunciar que pretende reconhecer a Palestina como um Estado em setembro. O anúncio de Carney, feito na quarta-feira, 30, ocorre em alinhamento com a França e o Reino Unido, que também planejam a mesma ação.

Em uma publicação na plataforma Truth Social, Trump expressou sua frustração, dizendo que a decisão de Carney tornaria as negociações comerciais com o Canadá mais complicadas. O presidente dos EUA, que estabeleceu o prazo de 1º de agosto para o fechamento de acordos comerciais, afirmou que, caso o Canadá não consiga concluir as negociações, tarifas de até 50% serão impostas sobre seus produtos.
A partir de 1º de agosto, as exportações do Canadá, o segundo maior parceiro comercial dos Estados Unidos, sofreriam uma tarifa de 35% caso não haja um acordo. Trump tem pressionado países aliados a mudar suas políticas, usando a ameaça de tarifas mais altas como forma de obtenção de resultados, como recentemente ocorreu com Camboja e Tailândia.
O anúncio de Carney sobre o reconhecimento da Palestina visa preservar a esperança de uma solução de dois Estados para o conflito Israel-Palestina, algo que os EUA e Israel criticam veementemente. A decisão de Carney foi imediatamente criticada por Israel, que considera que tal movimento "recompensa" o Hamas, grupo terrorista responsável pelos ataques de outubro de 2023 em Israel.
Apesar das críticas, Carney defendeu que sua decisão se baseia na visão do Canadá sobre a solução de dois Estados e no fracasso de Israel em lidar com a crise humanitária em Gaza, exacerbada pela continuidade da campanha militar e o bloqueio de ajuda humanitária. O reconhecimento da Palestina por mais de 140 países, incluindo o Brasil, fortalece a pressão internacional sobre Israel e complica ainda mais o cenário diplomático.
Com relação ao contexto político canadense, Carney assumiu o cargo de primeiro-ministro após a renúncia de Justin Trudeau e superou a popularidade do conservador Pierre Poilievre nas eleições, conquistando o apoio da maioria ao se colocar como um outsider experiente.
Em meio a essas tensões políticas e comerciais, o cenário continua a evoluir, com o presidente Trump mantendo suas ameaças de tarifas para pressionar aliados a seguir sua agenda.
