
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira, 29, que deu um prazo de 10 dias para que a Rússia encerre a guerra na Ucrânia. A declaração foi feita durante coletiva a bordo do Air Force One, no retorno ao país após uma visita de quatro dias à Escócia. Caso Moscou não recue, Trump promete impor novas tarifas contra a economia russa, mas ainda sem detalhar as medidas.

"Vamos colocar tarifas", disse o presidente. Segundo ele, o prazo começou a contar nesta terça-feira, o que coloca o último dia para a Rússia tomar uma atitude no próximo 8 de agosto. No entanto, Trump reconheceu que há incertezas sobre a eficácia das medidas econômicas: "Não sabemos ainda o quanto as tarifas vão ou não afetar a Rússia".
A fala intensifica o tom da Casa Branca em relação ao conflito que se arrasta há mais de dois anos e marca uma mudança de postura, já que Trump vinha sendo criticado por adotar uma retórica mais branda em relação ao presidente russo Vladimir Putin. O novo posicionamento ocorre em meio ao aumento da pressão internacional por uma resolução do conflito.
Tarifas ou sanções?
Trump não esclareceu se as "tarifas" a que se referia fazem parte das chamadas "sanções secundárias" já anunciadas anteriormente pelo governo dos EUA como forma de pressionar Moscou a encerrar a guerra. Essas sanções atingem empresas e países que negociam com o petróleo russo acima do teto de preço imposto pelos aliados ocidentais.
Em declarações anteriores, o republicano chegou a mencionar sobretaxas de até 100% sobre produtos russos como alternativa adicional de punição. No entanto, não houve confirmação se esse tipo de medida está sendo avaliado agora ou se a nova ameaça corresponde a ações diferentes das já em curso.
Reações e cenário geopolítico
Até o momento, o Kremlin não respondeu oficialmente ao ultimato de Trump. A Rússia sustenta, desde o início da guerra, que suas ações militares na Ucrânia visam proteger seus interesses estratégicos e que sanções do Ocidente não têm impedido seus avanços no front.
Analistas veem o novo posicionamento do governo americano como um movimento mais político do que prático, especialmente diante da aproximação do período eleitoral nos Estados Unidos. “Trump busca mostrar força e liderança diante de um conflito que se arrasta e desgasta o cenário internacional, sem necessariamente apresentar um plano claro de resolução”, avalia uma fonte do Departamento de Estado ouvida sob condição de anonimato.
Internamente, a fala do presidente também repercutiu entre congressistas. Parte dos republicanos mais alinhados a uma política externa isolacionista apoiaram o discurso, enquanto democratas e setores moderados cobraram mais clareza e consistência nas medidas anunciadas.
Economia russa sob pressão
A economia russa já sofre os efeitos acumulados de sanções ocidentais desde 2022, quando o conflito começou. Além das restrições à exportação de petróleo e gás, Moscou enfrenta o congelamento de ativos, limitações no sistema financeiro global e bloqueios a transações internacionais.
Apesar disso, o país tem buscado alternativas por meio de acordos com nações aliadas e o aumento das exportações para mercados como China, Índia e Turquia. O impacto de eventuais novas tarifas americanas dependerá do alcance e da implementação efetiva das medidas, avaliam economistas.
Caminhos diplomáticos
Até o momento, não há qualquer sinal de retomada de negociações de paz entre Rússia e Ucrânia com mediação de potências ocidentais. O ultimato dado por Trump surge em um cenário de impasse militar no leste ucraniano, com intensos combates e poucas perspectivas de cessar-fogo.
Mesmo com a ameaça das tarifas, não foram anunciadas reuniões diplomáticas nem iniciativas de diálogo nos próximos dias. Para especialistas em relações internacionais, a pressão econômica pode ter efeito limitado se não estiver atrelada a um esforço coordenado com outras potências e organizações multilaterais.
