
A Justiça da Argentina determinou, nesta terça-feira (18), a apreensão de mais de 100 bens ligados à ex-presidente Cristina Kirchner e a outros oito condenados por corrupção em obras públicas. Os imóveis, contas bancárias, empresas e fazendas estão ligados a um esquema fraudulento que teria desviado cerca de US$ 500 milhões entre 2003 e 2015.
Segundo a sentença, o grupo liderado por Kirchner foi responsável por um "esquema fraudulento extraordinário" que favoreceu contratos de obras públicas na província de Santa Cruz. O caso envolve 51 licitações fraudulentas realizadas durante os mandatos de Néstor Kirchner e de Cristina, entre 2003 e 2015.
O desvio foi estimado inicialmente em 85 bilhões de pesos (cerca de US$ 70 milhões na época), valor que foi atualizado por peritos do Supremo Tribunal de Justiça. Os recursos eram destinados à construção de rodovias e estradas, mas foram desviados por meio de empresas ligadas a aliados do governo.
Cristina Kirchner foi condenada, em 2022, a seis anos de prisão por administração fraudulenta. Desde junho de 2025, cumpre a pena em prisão domiciliar em Buenos Aires. Além da pena privativa de liberdade, ela também está permanentemente inabilitada para exercer cargos públicos.
Ela não comentou a nova decisão judicial e segue sustentando que é vítima de uma perseguição política e judicial promovida por setores conservadores.
Além de Kirchner, a decisão atinge o empresário Lázaro Báez — apontado como o principal beneficiado com os contratos públicos — e ex-funcionários do governo e da autoridade rodoviária.
O tribunal permitiu que os réus sugerissem como dividir os bens entre si, mas nenhum deles acatou a determinação. Todos recorreram da medida, mas os recursos foram rejeitados por instâncias superiores.
Os bens haviam sido congelados após as condenações e agora passam para apreensão definitiva. O valor dos ativos será usado para compensar parte do prejuízo causado ao erário público argentino.
A lista inclui fazendas, imóveis urbanos, contas bancárias e participações em empresas. A Justiça ainda poderá ampliar o confisco caso novas provas sejam anexadas ao processo.

