
Um editorial publicado pela revista britânica The Economist nesta terça-feira (30) afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deveria disputar um novo mandato em 2026. Segundo a publicação, a idade avançada do presidente seria um fator de risco para a estabilidade política e institucional do país, mesmo em casos de líderes experientes e populares.
O texto destaca que Lula tem 80 anos e, se eleito novamente, encerraria um eventual quarto mandato aos 85. Para a revista, candidatos acima dos 80 anos apresentam “riscos elevados” à condução do governo. O editorial compara o presidente brasileiro ao ex-presidente dos Estados Unidos Joe Biden, que desistiu da reeleição diante de limitações relacionadas à idade durante o ciclo eleitoral de 2024.
A publicação afirma que Lula é apenas um ano mais novo do que Biden era no mesmo período do processo eleitoral norte-americano, que, segundo o texto, terminou de forma negativa. O editorial também avalia que o carisma do presidente brasileiro não seria suficiente para afastar preocupações sobre um possível declínio cognitivo.
A The Economist faz um balanço do último ano do governo Lula, marcado por tensões institucionais internas e disputas no cenário internacional. O texto menciona que o presidente conseguiu atravessar momentos de pressão, incluindo uma disputa comercial com os Estados Unidos, mas avalia que sua centralidade no cenário político limita a renovação de lideranças no Brasil.
Além da idade, o editorial critica o desempenho econômico do governo, classificado como “medíocre”, e aponta que uma nova campanha presidencial inevitavelmente traria à tona os escândalos de corrupção associados aos dois primeiros mandatos de Lula. Segundo a revista, parte significativa da população brasileira ainda não conseguiu perdoá-lo por esses episódios.
O artigo foi publicado com uma ilustração que mostra Lula com cabelos grisalhos, tendo ao fundo a bandeira do Brasil e uma cabine de votação. No texto, a revista também aborda o cenário da direita brasileira após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado por conspiração para um golpe de Estado. A publicação lembra que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou a afirmar, sem provas, que o processo contra Bolsonaro seria uma armação, e que impôs tarifas punitivas a produtos brasileiros, decisão da qual posteriormente recuou.
Para o periódico britânico, o Brasil deveria passar por um processo de renovação política. O editorial afirma que Lula poderia abrir espaço para uma nova geração de líderes, lembrando que, durante a campanha de 2022, o presidente havia sinalizado que não buscaria um quarto mandato. Apesar disso, a revista observa que não há indícios claros de que Lula esteja preparando um sucessor no campo da esquerda ou do centro.
No campo conservador, o texto descreve uma disputa intensa para ocupar o espaço deixado por Bolsonaro. Mesmo condenado, o ex-presidente ainda manteria um número considerado elevado de apoiadores, especialmente entre eleitores evangélicos. A revista menciona que Bolsonaro indicou seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL), como possível candidato à Presidência, mas o classifica como “impopular” e “ineficaz”.
A The Economist também cita outros nomes vistos como potenciais candidatos em 2026. Entre eles está o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), descrito como um político “ponderado”, com perfil democrático e significativamente mais jovem do que o atual presidente.
Ao final, o editorial afirma que as eleições de 2026 serão decisivas para o futuro político do Brasil. A revista defende a escolha de um candidato de centro-direita que consiga equilibrar a preservação ambiental, o enfrentamento ao crime organizado e o respeito ao Estado de Direito e às liberdades civis.

