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ELEIÇÕES 2026

Tarifa zero no transporte vira aposta do Planalto para fortalecer campanha de Lula

Mesmo sem viabilidade imediata, projeto é visto como trunfo eleitoral e pode ajudar no controle da inflação

6 outubro 2025 - 16h50Célia Froufe
Tarifa zero no transporte público pode se tornar uma das principais propostas da campanha de reeleição de Lula
Tarifa zero no transporte público pode se tornar uma das principais propostas da campanha de reeleição de Lula - Foto: Wilton Junior /Estadão

Embora reconheça que não há tempo hábil para implantar a tarifa zero no transporte público já em 2026, o Palácio do Planalto trabalha nos bastidores para transformar o projeto em uma das principais vitrines da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição. A medida, que ainda está em estágio inicial de discussão técnica, é considerada estratégica pela equipe presidencial e pode reforçar o discurso de compromissos sociais cumpridos.

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Segundo apuração da Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, a proposta ainda não tem um formato definido e encontra obstáculos legais e operacionais para sair do papel no curto prazo. A intenção, no entanto, é clara: incluir o tema no debate público, apresentando-o como um compromisso viável para um eventual segundo mandato.

Cálculo político e econômico

No entorno do presidente, o raciocínio é que a recente aprovação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil fortalece a credibilidade do governo junto ao eleitorado. "Se Lula prometeu isenção de imposto para quem ganha até R$ 5 mil e entregou, o eleitor sabe que, se ele prometer tarifa zero para ônibus em outro próximo mandato, também cumprirá", disse um interlocutor do governo.

O presidente Lula já pediu ao Ministério da Fazenda, em agosto, um estudo sobre os custos e impactos da tarifa zero em escala nacional. Além dos gastos diretos, o governo quer entender quanto desses recursos retornariam à economia por meio do aumento do consumo de bens e serviços — um cálculo complexo, mas crucial para embasar a defesa da proposta.

Além de seu apelo popular evidente, o fim da cobrança no transporte público pode ter um efeito secundário positivo: ajudar no controle da inflação. Embora o transporte público não tenha peso próprio no grupo “Transportes” do IPCA, reajustes de tarifas em grandes centros urbanos impactam diretamente o índice.

Com o Banco Central pressionado para cumprir a meta de 3% de inflação até 2027, uma política que contenha ou elimine aumentos nas passagens poderia facilitar esse esforço, ainda que marginalmente.

O que já existe no país

Atualmente, 138 municípios brasileiros já oferecem transporte público gratuito em caráter permanente. Esses modelos locais são acompanhados com atenção pelo governo federal e podem servir de base para uma futura proposta nacional, ainda que as realidades sejam bastante distintas em escala.

Uma promessa com potencial eleitoral

A lembrança dos protestos de 2013, motivados por um reajuste de R$ 0,20 nas passagens de ônibus, continua viva nas decisões políticas relacionadas ao transporte público. À época, o então prefeito de São Paulo, Fernando Haddad — hoje ministro da Fazenda — enfrentou críticas intensas que culminaram na queda de popularidade do governo federal, abrindo caminho para a crise política que resultaria no impeachment de Dilma Rousseff.

Agora, a ideia é apostar no caminho inverso: oferecer transporte gratuito como um símbolo de inclusão e compromisso social, dentro de uma estratégia eleitoral que visa ampliar o apoio entre os setores mais vulneráveis da população.

Ainda é incerto se o plano poderá ser detalhado a tempo para ser apresentado oficialmente como uma proposta de campanha. Mas, mesmo como promessa, o discurso pode ter forte apelo.

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