
A maioria dos parlamentares brasileiros aponta o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como o nome mais preparado para liderar a direita nas eleições presidenciais de 2026. No entanto, a percepção geral é de que o campo conservador deve chegar dividido à disputa, com múltiplas candidaturas.
Os dados fazem parte de um levantamento do Ranking dos Políticos, divulgado nesta segunda-feira (10) pelo Estadão. A pesquisa ouviu 107 deputados de 20 partidos e 27 senadores de 12 partidos entre os dias 21 e 31 de outubro, por meio de entrevistas presenciais e telefônicas. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.
Na Câmara dos Deputados, 48,6% dos entrevistados citaram Tarcísio como o principal nome capaz de liderar a direita. Ele é seguido por Eduardo Bolsonaro (PL), com 15%; Michelle Bolsonaro (PL), com 13,1%; Ratinho Júnior (PSD), com 9,3%; Romeu Zema (Novo), com 3,7%; e Ronaldo Caiado (União), com 0,9%. Outros 7,5% não souberam responder.
No Senado, o cenário é semelhante: 44,5% dos parlamentares mencionaram Tarcísio, seguido por Eduardo e Michelle Bolsonaro, empatados com 14,8%, e Ratinho Júnior, com 7,4%. O índice de indecisos foi de 18,5%.
Em comparação com o levantamento anterior, realizado em julho de 2023, Tarcísio manteve ampla vantagem. Já Michelle Bolsonaro apresentou leve alta e Romeu Zema perdeu espaço. Nomes como Eduardo Leite (PSD) e Flávio Bolsonaro (PL) deixaram de ser lembrados.
Divisão é vista como inevitável - Ao serem questionados sobre quem teria mais condições de unificar a direita, 56,1% dos deputados e 55,6% dos senadores voltaram a apontar Tarcísio. Mesmo assim, 67,3% dos deputados e 63% dos senadores acreditam que o campo conservador chegará fragmentado em 2026. Apenas cerca de um quarto vê possibilidade de união por meio de alianças entre partidos.
Para o diretor de operações do Ranking dos Políticos, Luan Sperandio, o levantamento confirma a consolidação de Tarcísio como principal liderança da direita, mas também evidencia um ambiente político disperso.
“Ainda há o fato de ele não contar com declarações públicas de seu padrinho político, Jair Bolsonaro, o que acaba facilitando a criação de várias candidaturas da direita em 2026”, analisa.
“Uma coisa é ter vários candidatos que contribuam para o debate, outra é se eles começarem a se atacar, o que pode enfraquecer o representante da direita em um eventual segundo turno.”
Ratinho Júnior ganha espaço - O governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), não aparecia na pesquisa de 2023, mas agora foi mais lembrado que Zema e Caiado. De acordo com Sperandio, o avanço reflete o esforço do paranaense em nacionalizar sua imagem.
“Não só o Ratinho, mas outros nomes jovens estarão no jogo nas próximas eleições. Essa nova geração de governadores deve ter papel importante na política brasileira nas próximas décadas”, afirmou.
Apesar da liderança consolidada de Tarcísio, o levantamento reforça o desafio da direita em encontrar unidade sem o protagonismo direto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), cujo futuro político ainda depende de decisões judiciais.

