
Durante participação no UBS Wealth Management Latam Summit, realizado nesta quarta-feira (26), em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) reforçou sua oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendeu a construção de uma frente unificada da direita para as eleições presidenciais de 2026. Segundo ele, o movimento contará com apoio direto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mesmo após sua prisão por envolvimento em tentativa de golpe de Estado.
“Não tenha dúvida, nós vamos tirar o Brasil do PT”, declarou o governador, ao lado de empresários e investidores. Tarcísio acredita que o campo da direita e centro-direita tem bons nomes e deve se organizar até março do próximo ano para apresentar uma alternativa ao atual governo.
Apoio incondicional a Bolsonaro - Mesmo com Bolsonaro preso desde o dia anterior, cumprindo pena de 27 anos e três meses por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), Tarcísio reiterou sua lealdade. “A minha relação com o presidente é de amizade e gratidão. É um vínculo inquebrantável”, afirmou, revelando que pretende visitar o ex-presidente em breve para prestar solidariedade.
O governador questionou a rigidez das medidas judiciais impostas a Bolsonaro. “É razoável impor uma prisão tão dura a um ex-presidente de 70 anos que recebeu 60 milhões de votos?”, indagou. Ele comparou o tratamento com casos semelhantes que resultaram em prisão domiciliar.
Tarcísio também mencionou uma articulação em curso entre líderes estaduais de direita e centro-direita, citando nomes como Ronaldo Caiado (GO), Romeu Zema (MG), Ratinho Júnior (PR), Eduardo Leite (RS) e Jorginho Mello (SC). Todos, segundo ele, são exemplos de gestores que “fizeram o dever de casa” e devem se unir para construir um projeto nacional.
Ele destacou que essa reorganização política não exige pressa. “Pode ser janeiro, fevereiro, março. Vai dar tempo”, assegurou, em referência à formação da aliança. Ainda assim, disse que não precisa, necessariamente, ser o protagonista dessa chapa. “Quero ajudar, contribuir. A frustração seria não contribuir”, declarou.
Críticas à política econômica do governo Lula - Tarcísio também atacou a condução econômica do governo federal. Ele criticou o que chamou de “excesso de gastos” e os efeitos disso sobre a taxa básica de juros. “Ninguém pode estar satisfeito com 15% ao ano. Isso é consequência direta de um governo gastador”, afirmou.
Para o governador, será necessário discutir uma ampla reforma orçamentária, que inclua medidas como a desindexação, desvinculação de receitas e redução de investimentos obrigatórios. “Quem vencer a eleição vai enfrentar o problema das contas logo ali na frente. Vai ter pulso para fazer as reformas ou vai deixar o Brasil quebrar?”, questionou.
Tarcísio demonstrou confiança de que a direita, apesar das aparentes divisões, tem capacidade de se reorganizar e construir um plano de governo baseado em princípios liberais e conservadores. Ele elogiou o ex-ministro Paulo Guedes e citou o projeto “Ponte para o Futuro”, implementado após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, como um exemplo de agenda pró-mercado que precisa ser retomada.
Segundo ele, o Brasil precisa romper com o ciclo de ideias ultrapassadas. “Estamos presos há quatro décadas no mesmo debate político, com as mesmas figuras. O mundo mudou, a sociedade mudou, mas o discurso nacional continua preso ao passado”, avaliou.
Foco em São Paulo, por enquanto - Apesar das especulações, Tarcísio voltou a afirmar que seu foco está no governo de São Paulo e que é candidato à reeleição em 2026. “Sou perguntado com frequência e respondo a mesma coisa. Parece que não acreditam. Meu foco está nos projetos de longo prazo do Estado”, reforçou.
Ainda assim, reconheceu que seu futuro político pode mudar. “Tem coisas que a gente não controla. Às vezes, é ajudar São Paulo, outras vezes pode ser algo diferente. Não tem problema”, concluiu.


