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16 de novembro de 2025 - 11h24
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POLÍTICA

Tarcísio amplia alcance e atrai eleitorado mais diverso que Bolsonaro, aponta pesquisa

Base do governador reúne fatia relevante de eleitores que votaram em Lula em 2022 e mostra menor rejeição entre grupos que rejeitam o ex-presidente

16 novembro 2025 - 09h10Redação E+
Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é apontado como nome competitivo para eleições presidenciais de 2026
Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é apontado como nome competitivo para eleições presidenciais de 2026 - (Foto: Pablo Jacob/Governo do Estado de SP)

A nova edição da pesquisa “A Cara da Democracia 2025” revela um movimento que pode redesenhar a disputa presidencial: embora mantenha forte identificação com o eleitorado de Jair Bolsonaro (PL), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem conseguido dialogar com segmentos mais amplos — inclusive parte dos que votaram em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno de 2022.

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O levantamento, encomendado pelo Estadão, mostra que 22% dos brasileiros que dizem “gostar ou gostar muito” de Tarcísio afirmam ter escolhido Lula na disputa final de 2022, enquanto 65% votaram em Bolsonaro. Outros 11% não votaram ou anularam, e 2% não souberam responder. A composição indica uma base mais heterogênea do que a do ex-presidente.

A pesquisa ouviu 2,5 mil pessoas presencialmente entre 17 e 26 de outubro, com margem de erro de dois pontos percentuais. O estudo reúne pesquisadores da UFMG, Unicamp, UnB, Uerj e Enap, financiado por CNPq e Fapemig.

Para o cientista político João Feres Júnior (UERJ), parte desse apoio vem de um eleitor de direita mais tecnocrático, que rejeita o estilo de Bolsonaro. Leonardo Avritzer, coordenador da pesquisa, ressalta que a menor rejeição ao governador também contribui para sua penetração em grupos que se afastam do ex-presidente.

Entre os brasileiros que avaliam o governo Lula como “ótimo”, 89% rejeitam Bolsonaro. Em relação a Tarcísio, o índice cai para 64%, enquanto 15% mantêm posição neutra — uma faixa ainda em disputa eleitoral. No caso de Bolsonaro, a neutralidade é de apenas 4%.

Apesar disso, Tarcísio enfrenta um desafio fora de São Paulo. Para Feres Júnior, o governador segue pouco conhecido nacionalmente e, ao mesmo tempo, depende do vínculo político com Bolsonaro, o que pode aumentar sua rejeição diante das recentes crises envolvendo o bolsonarismo.

A base bolsonarista também não é completamente fiel a Tarcísio: 25% dos que votaram no ex-presidente no segundo turno afirmam não gostar dele. A maioria, porém, demonstra simpatia (42%) ou neutralidade (21%).

As diferenças entre os dois grupos aparecem em nuances. Entre os que gostam de Tarcísio, 17% dizem confiar muito na apuração das urnas, índice que cai para 11% entre simpatizantes de Bolsonaro. Ainda assim, a desconfiança predomina nos dois perfis.

Na preferência entre democracia e ditadura, 27% dos que avaliam positivamente Tarcísio admitem considerar um regime autoritário preferível em algumas situações — número mais alto entre os que apoiam Bolsonaro (39%), condenado pelo STF por tentativa de golpe.

No autodiagnóstico ideológico, eleitores posicionados à esquerda (1 a 4 numa escala até 10) rejeitam muito mais Bolsonaro (87%) que Tarcísio (70%). Já no campo mais à direita (7 a 10), Bolsonaro lidera a preferência: 54% dizem gostar dele, ante 35% que aprovam o governador.

Pautas e perfil socioeconômico

Em temas de costumes, não há grandes diferenças: ambos os grupos defendem redução da maioridade penal e rejeitam casamento igualitário, descriminalização das drogas e legalização do aborto. No campo econômico, simpatizantes de Tarcísio se mostram mais favoráveis às privatizações (51%, contra 43% entre os de Bolsonaro).

Homens, pessoas com renda de dois a cinco salários mínimos e eleitores insatisfeitos com a democracia concentram maior afinidade tanto com Tarcísio quanto com Bolsonaro.

No recorte regional, o governador aparece com desempenho uniforme, entre 17% e 22% de aprovação nas cinco regiões, com menor força no Nordeste

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