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JUSTIÇA E POLÍTICA

STF dá 10 dias para presidente da Câmara explicar votação do PL da Adultização

Flávio Dino cobra esclarecimentos sobre aprovação da urgência do projeto que protege crianças na internet; deputado contesta votação simbólica

26 agosto 2025 - 16h55
Presidente da Câmara, Hugo Motta, terá de explicar votação simbólica de projeto que visa proteger crianças nas redes sociais
Presidente da Câmara, Hugo Motta, terá de explicar votação simbólica de projeto que visa proteger crianças nas redes sociais - Foto: Marina Ramos/Agência Câmara
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O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta terça-feira (26) um prazo de 10 dias para que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), preste esclarecimentos sobre o rito de aprovação da urgência do Projeto de Lei 2628/2022, conhecido como PL da Adultização. O projeto trata da proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital.

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A medida foi tomada após a apresentação de um mandado de segurança pelo deputado Marcos Pollon (PL-MS), que questiona a forma como foi aprovada a tramitação acelerada do projeto — por meio de votação simbólica, sem registro nominal de votos — na sessão do dia 20 de agosto.

Pollon argumenta que a decisão foi tomada com o plenário "praticamente vazio" e sem o devido processo legislativo. Para o parlamentar, o ato “viola os direitos dos deputados” e precisa ser anulado, assim como a votação do mérito da proposta, já que ela decorre diretamente da aprovação da urgência.

“Reputo indispensável a prévia apresentação das informações pela autoridade apontada como coatora, a fim de viabilizar exame cauteloso e adequado das alegações deduzidas pelo Impetrante”, escreveu o ministro Flávio Dino na decisão.

Além de ouvir Hugo Motta, Dino também abriu espaço para manifestação da Advocacia-Geral da União (AGU), caso queira participar do processo.

Entenda o projeto

O PL 2628/2022, de autoria do senador Alessandro Vieira (MDB-SE) e relatado na Câmara por Jadyel Alencar (Republicanos-PI), tem 41 artigos distribuídos em 16 capítulos e cria um marco regulatório para proteger crianças e adolescentes contra abusos no ambiente digital.

A proposta obriga plataformas digitais a adotarem medidas razoáveis para evitar o acesso de menores a conteúdos impróprios, como:

  • Abuso e exploração sexual;

  • Violência física;

  • Intimidação e assédio;

  • Promoção de jogos de azar;

  • Práticas publicitárias enganosas.

Além disso, o texto determina que conteúdos ilegais devem ser removidos imediatamente após notificação formal, com responsabilização das plataformas em casos de omissão.

Caso Felca impulsionou o debate

O projeto ganhou força após o humorista e influenciador Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, publicar um vídeo de denúncia no início de agosto. Ele expôs o influenciador Hytalo Santos por suposta exploração sexual de adolescentes e alertou para o crescimento da chamada “adultização” infantil nas redes sociais — a exposição de crianças a contextos adultos com fins comerciais e de entretenimento.

A repercussão do vídeo, que ultrapassou 50 milhões de visualizações, mobilizou parlamentares, especialistas, ONGs, famílias e o próprio Congresso em torno da urgência de uma legislação que regulamente o uso das redes sociais por menores de idade.

O que está em jogo

O recurso apresentado por Marcos Pollon pode impactar diretamente a tramitação do projeto, que aguarda apreciação no Senado. Se o STF acatar os argumentos do deputado, a votação da urgência pode ser anulada, o que invalida também a votação do mérito do projeto na Câmara. Isso atrasaria — ou até barraria — a criação de um marco legal para proteção de crianças na internet.

O pedido reforça uma disputa entre governo, oposição e setor de tecnologia, com parte dos parlamentares alinhados a interesses das big techs tentando frear a regulamentação.

Próximos passos

  • Hugo Motta tem até 10 dias úteis para apresentar sua defesa.

  • Após isso, Flávio Dino pode decidir monocraticamente ou levar o caso ao plenário do STF.

  • Enquanto isso, a tramitação do projeto segue no Senado, sem previsão de votação.

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