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15 de dezembro de 2025 - 12h17
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TERRAS INDÍGENAS

STF retoma julgamento do marco temporal e decisão pode impactar diretamente MS

Tema volta ao plenário após impasse com o Congresso e tem reflexo direto em conflitos e demarcações no estado

15 dezembro 2025 - 09h50João Pedro Bitencourt
Julgamento do marco temporal no STF pode impactar diretamente demarcações de terras indígenas em Mato Grosso do Sul
Julgamento do marco temporal no STF pode impactar diretamente demarcações de terras indígenas em Mato Grosso do Sul - (Foto: Imagem ilustrativa/A Crítica)

O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta segunda-feira (15) o julgamento que discute a validade da Lei do Marco Temporal das Terras Indígenas. A análise ocorre em sessão virtual extraordinária e deve se estender até quinta-feira (18). O tema é acompanhado de perto em Mato Grosso do Sul, estado que concentra alguns dos principais conflitos envolvendo terras indígenas no país.

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Relator das ações, o ministro Gilmar Mendes deve apresentar seu voto durante essa fase do julgamento. A retomada ocorre após a etapa inicial no plenário físico, quando foram ouvidos advogados e representantes das partes interessadas.

A decisão do STF é considerada estratégica para Mato Grosso do Sul, onde disputas por demarcação de terras afetam comunidades indígenas, produtores rurais e o poder público. O entendimento da Corte pode influenciar diretamente processos em andamento no estado e a atuação de órgãos federais e estaduais.

O julgamento acontece em meio a um impasse entre os Poderes. Em setembro de 2023, o STF decidiu que a tese do marco temporal é inconstitucional. Pouco depois, o Congresso aprovou uma lei que retomou esse entendimento. O governo vetou o trecho, mas o veto foi derrubado pelos parlamentares.

Mais recentemente, o Senado aprovou uma PEC que tenta incluir o marco temporal na Constituição, o que acelerou a retomada do tema no Supremo. Para Gilmar Mendes, o objetivo agora é encerrar o conflito institucional e dar uma resposta definitiva sobre o assunto.

O que está em jogo - A tese do marco temporal defende que os povos indígenas só teriam direito às terras que ocupavam em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição. Para comunidades indígenas, especialmente em Mato Grosso do Sul, esse critério é visto como um obstáculo para a retomada de territórios tradicionais perdidos ao longo do tempo.

Na tentativa de conciliação, Gilmar Mendes criou uma comissão com representantes da União, Congresso, estados, municípios e partidos. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil deixou o grupo ainda no início, após a recusa do ministro em suspender a lei durante as discussões.

A comissão terminou os trabalhos sem consenso sobre o marco temporal, mas propôs mudanças no processo de demarcação, como a participação obrigatória de estados e municípios e maior transparência da Funai sobre os dados das áreas em análise.

Gilmar já indicou que não deve validar a tese do marco temporal, já rejeitada pelo próprio STF. No entanto, pode acolher parte das propostas sobre regras e procedimentos de demarcação. Caso o Supremo aprove esse pacote, o texto ainda será enviado ao Congresso, que poderá alterá-lo ou deixá-lo sem andamento.

Enquanto isso, a expectativa em Mato Grosso do Sul é alta. A decisão pode definir os rumos de disputas históricas e influenciar diretamente o cenário social e fundiário do estado.

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