
Em um movimento estratégico para destravar a composição da Suprema Corte, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou a última reunião ministerial do ano, nesta quarta-feira (17), para cobrar empenho direto de sua equipe. O pedido é claro: cada ministro deve atuar como cabo eleitoral junto a senadores aliados para garantir a aprovação de Jorge Messias, atual advogado-geral da União, para a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
O diferencial da fala presidencial foi o tom de "lealdade" e reconhecimento histórico. Lula fez questão de pontuar que a escolha de Messias não se deve à amizade pessoal, mas ao seu currículo jurídico e, principalmente, ao seu papel durante o governo de Dilma Rousseff. "O País tem gratidão pelo que ele fez pela presidente Dilma. Desde lá, ele continua sendo leal", afirmou o presidente aos ministros na Granja do Torto, sugerindo que o espírito natalino seja usado como pretexto para as ligações de convencimento aos parlamentares.
O entrave no Senado e a barreira de Alcolumbre - Apesar de ter anunciado o nome de Messias em 20 de novembro, o Palácio do Planalto ainda segura o envio oficial da mensagem ao Senado por um motivo pragmático: a incerteza matemática. Para ser aprovado, o indicado precisa de, no mínimo, 41 votos favoráveis, quórum que o governo ainda não se sente seguro em atingir.
A principal resistência atende pelo nome de Davi Alcolumbre (União-AP). O influente presidente do Senado era o principal fiador da candidatura de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) à vaga e, diante da escolha de Lula por Messias, tem dificultado a tramitação. A estratégia de Lula, ao envolver todo o primeiro escalão, é diluir essa resistência por meio de uma pressão coordenada sobre a base aliada e indecisos.
Gratidão e técnica como discurso - O governo tenta blindar a indicação de Messias de críticas puramente políticas, reforçando sua capacidade técnica como "grande advogado". Ao mesmo tempo, Lula sinaliza que o perfil de "fidelidade institucional" — demonstrado por Messias em momentos de crise da esquerda — é o requisito inegociável para a cadeira. Agora, resta saber se o "corpo a corpo" ministerial será suficiente para vencer a queda de braço com a cúpula do Senado antes que o ano legislativo se encerre definitivamente.

