
O bloqueio dos perfis da revista digital Timeline nas redes sociais por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) acendeu o alerta entre setores da direita política. Nesta segunda-feira (03), o deputado estadual Coronel David (PL-MS) publicou um vídeo em suas redes sociais no qual criticou duramente a decisão e alertou para os riscos de uma suposta “censura disfarçada” promovida pelo governo Lula. “Liberdade não se negocia. Liberdade se defende”, afirmou.

O bloqueio foi determinado pelo ministro Alexandre de Moraes no último dia 27 de janeiro. As contas da Timeline no X (antigo Twitter), no YouTube e no Instagram foram retiradas do ar sem explicações públicas detalhadas, já que o processo corre sob sigilo. A medida faz parte do inquérito das fake news, instaurado em 2019 para investigar ataques contra instituições democráticas.
“Imagine que, a partir de hoje, todas as revistas e sites de política desapareçam do seu celular, do computador, sem aviso, sem explicação. É o que está acontecendo. A revista Timeline, comandada por Ernesto Lacombe, simplesmente desapareceu das redes por ordem judicial”, afirmou Coronel David no vídeo publicado no Instagram.
Confira:
O que motivou o bloqueio? A revista digital Timeline, criada por Luís Ernesto Lacombe, Allan dos Santos e Max Cardoso, tem sido uma voz crítica ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e à atuação do próprio STF. Lançada em outubro de 2024, a publicação tem como público principal os apoiadores da direita conservadora e frequentemente aborda temas relacionados à liberdade de expressão, corrupção e fake news.
Max Cardoso, Luís Ernesto Lacombe e Allan dos Santos, fundadores da revista digital "Timeline", que teve seus perfis bloqueados nas redes sociais por decisão do STF.
O bloqueio das contas ocorre no contexto de tensões políticas e regulatórias, com o governo Lula propondo uma nova regulação das plataformas digitais. Segundo Coronel David, essa regulação é uma “censura com nome bonito” e está sendo preparada “a portas fechadas, sem ouvir a população ou o Congresso”.
“Basicamente, estão criando um comitê de governo para decidir o que podemos ou não ler na internet. Isso é típico de regimes autoritários, como Cuba, Venezuela e Coreia do Norte”, afirmou.
Moraes e o inquérito das fake news - O inquérito das fake news, conduzido pelo STF desde 2019, tem como objetivo investigar a disseminação de notícias falsas e ataques a magistrados. O relator do inquérito, ministro Alexandre de Moraes, já determinou o bloqueio de diversos perfis de políticos e influenciadores ligados à direita, incluindo o site Terça Livre, de Allan dos Santos, e perfis de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Allan dos Santos, que vive nos Estados Unidos e enfrenta um processo de extradição, participou recentemente do baile de posse de Donald Trump ao lado de Luís Ernesto Lacombe. O evento foi citado por críticos do STF como um exemplo do alcance internacional dos apoiadores da Timeline.
O alerta de Coronel David - Em seu vídeo, Coronel David argumentou que a nova regulação das plataformas digitais visa “silenciar os opositores” e mencionou o impacto direto que a medida pode ter durante períodos eleitorais. Segundo ele, o projeto prevê regras especiais para remover conteúdos rapidamente, o que poderia prejudicar a divulgação de denúncias contra o governo.
“Se alguém denunciar um escândalo de corrupção durante as eleições, o conteúdo pode simplesmente sumir da internet antes de se espalhar. Adivinha quem será silenciado? A direita, os apoiadores do Bolsonaro ou qualquer um que ouse desafiar o poder”, disse o deputado.
Liberdade em jogo? Para Coronel David, a sociedade precisa reagir, assim como fez anteriormente ao barrar no Congresso projetos semelhantes de regulação digital. “Os governistas tentaram empurrar essa regulação no Congresso e falharam porque a sociedade reagiu. Agora é a nossa vez de novo”, afirmou.
O deputado ainda comparou a situação brasileira a países com histórico de censura estatal. “O Estado quer ser sua babá, decidindo o que você pode ou não ver. Mas precisamos lembrar: as grandes mudanças na história começaram com pessoas que se recusaram a ficar em silêncio.”
Resposta das plataformas - A revista Timeline divulgou as mensagens recebidas das plataformas. No X, por exemplo, a notificação informava que a conta foi bloqueada em “estrito cumprimento às obrigações legais”. Já o YouTube informou que o canal foi removido do ar no Brasil após uma reclamação legal.
A decisão gerou críticas de outros setores da direita, mas não houve manifestação pública oficial da revista sobre os próximos passos. O STF também não revelou o motivo específico do bloqueio, alegando sigilo judicial.
A reporagem tentou acessar os perfis da revista nas plataformas, mas todos permanecem fora do ar.
Mensagem exibida em conta oficial da “Timeline” no X menciona suspensão por “demanda legal”.
Conta da “Timeline” no Instagram também segue indisponível .
Canal da Timeline no YouTube segue fora do ar .
Este jornal deixa o espaço aberto para que representantes da Timeline se manifestem.
