
A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), afirmou nesta terça-feira (29) que não há possibilidade de estar em outro palanque nas eleições de 2026 que não seja o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em entrevista à GloboNews, a ministra destacou que sua presença no governo é uma demonstração clara de alinhamento e confiança mútua.

"Hoje estou à frente do Ministério do Planejamento, que é estratégico. O presidente Lula me confiou a chave do cofre. Então, independentemente da posição que o meu partido venha a tomar, eu não tenho como estar em outro palanque que não o dele", declarou. Tebet disputou as eleições presidenciais de 2022 pelo MDB, mas apoiou Lula no segundo turno e foi posteriormente integrada ao governo.
A ministra também afirmou que o MDB, embora dividido, não está fechado a uma nova aliança com Lula em 2026. “Não vejo o MDB com portas trancadas para apoiar o presidente”, disse, deixando em aberto uma possível convergência partidária futura.
Simone Tebet também fez críticas à possível candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à presidência. Para ela, declarações recentes do governador, principalmente em relação à sobretaxa imposta pelos Estados Unidos ao Brasil, demonstram falta de clareza e foco político.
“Vejo a candidatura dele um pouco mais complicada diante dessas falas e medidas erráticas envolvendo o tarifaço, tratando o assunto como algo menor, ao mesmo tempo em que tenta defender a família Bolsonaro e a anistia”, observou a ministra.
Um dos temas centrais da entrevista foi a nova tarifa de 50% anunciada pelo governo americano sobre produtos brasileiros. Na avaliação de Tebet, a medida imposta pelos Estados Unidos tem como principal motivação uma retaliação política, com foco no ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
"Acho que a questão é muito mais sobre Alexandre de Moraes do que sobre o presidente Lula", disse, acrescentando que o ex-presidente Donald Trump “uniu a fome com a vontade de comer” ao somar interesses econômicos com motivações ideológicas.
A ministra do Planejamento afirmou que o presidente Lula está disposto a entrar em contato com Trump para tratar das sobretaxas, mas ressaltou que qualquer ação precisa de uma base concreta de negociação para evitar consequências negativas.
"O presidente Lula não tem problema em pegar o telefone e ligar. Mas é preciso um ponto de partida claro, senão o que vier depois pode ser ainda pior", afirmou. Segundo Tebet, a indefinição sobre o que exatamente o governo americano quer do Brasil dificulta qualquer movimento mais assertivo.
Ela explicou que ainda há muitas perguntas sem resposta nesse processo. “O que efetivamente vem de lá para cá? O que o Brasil já ofereceu e o que ainda poderia oferecer? É preciso entender isso para agir com estratégia”, destacou.
