
Todos os três senadores de Mato Grosso do Sul - Soraya Thronicke (Podemos), Tereza Cristina (PP) e Nelsinho Trad (PSD) - assinaram o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A iniciativa, apresentada pelo líder do Podemos, senador Carlos Viana (MG), contesta medidas impostas pelo ministro contra o senador Marcos do Val (Podemos-ES), como uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento noturno, proibição de uso das redes sociais e restrição de comunicação. Soraya afirmou que o Senado não pode se omitir diante de decisões que, segundo ela, interferem nas prerrogativas parlamentares:
“Hoje é o senador Marcos do Val, amanhã pode ser qualquer um de nós. É o Senado que deve decidir sobre medidas que afetam o mandato de um parlamentar.”
Nelsinho Trad adotou um tom mais institucional, alertando para os riscos do embate entre Poderes. “Quando o abuso de autoridade ultrapassa a razão, instala-se a desconfiança nas instituições. O Brasil precisa de pacificação para avançar em pautas essenciais, e a paz institucional se constrói com respeito mútuo e compromisso com o país.”
É com preocupação que vejo a intensificação de conflitos entre instituições, justamente em um momento em que o Brasil mais precisa de estabilidade, diálogo e pacificação. Quando o abuso de autoridade ultrapassa a razão, instala-se a desconfiança nas instituições.
— Senador Nelsinho Trad (@nelsinhotrad) August 5, 2025
Tereza Cristina defendeu que a pacificação do país depende de ações concretas do Congresso e disse que a anistia a investigados dos atos de 8 de janeiro é um dos primeiros passos. “Nosso compromisso é com a paz e o bem-estar do Brasil. Vamos cobrar e trabalhar para que pautas como essa avancem e o Congresso cumpra seu papel.”
Nosso compromisso é com a paz e o bem-estar do Brasil.
— Tereza Cristina (@TerezaCrisMS) August 5, 2025
Minha posição é clara: a pacificação do país depende de ações concretas. É dever do Congresso votar as pautas que o Brasil reivindica, honrando a soberania do voto que nos trouxe até aqui.
Os projetos de anistia precisam… pic.twitter.com/q0znjdPVtm
Alcolumbre fecha a porta - Apesar das 41 assinaturas já obtidas - número suficiente para a admissibilidade do processo - o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), foi categórico ao afirmar, em reunião com líderes da base governista e da oposição, que não dará andamento ao impeachment de ministros do STF.
“Nem se tiver 81 assinaturas, ainda assim não pauto impeachment de ministro do STF para votar”, declarou, em tom enfático, segundo relatos.
A posição foi recebida como um revés para a ala bolsonarista, que comemorava a coleta de apoios. Para Alcolumbre, um processo desse tipo exige “maturação e tempo” - e não é movido apenas pela vontade do presidente da Casa.
Como funciona o impeachment de ministro do STF
Aval do presidente do Senado é a primeira etapa para a tramitação;
Se aceito, o pedido é lido em plenário e enviado a uma comissão especial de 21 senadores, que tem 10 dias para emitir parecer;
Com parecer favorável, o caso vai a voto no plenário, onde precisa de maioria simples (41 votos) para prosseguir;
Na fase final, é exigida maioria qualificada (54 votos) para aprovação;
Embora previsto na Constituição, nunca houve impeachment de ministros do STF na história do Brasil.
