
Com a entrada em vigor da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros marcada para esta sexta-feira (1º), senadores de Mato Grosso do Sul e de outros Estados, intensificaram os esforços diplomáticos nos Estados Unidos para tentar adiar a medida. A missão oficial, que começou ontem (29), tem como objetivo abrir diálogo político com o Congresso americano e buscar apoio do setor privado para proteger as exportações do Brasil.

O grupo, liderado por Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, realizou reuniões com senadores democratas e republicanos em Washington. Entre os encontros, destacam-se conversas com os senadores Ed Markey, Martin Heinrich, Thom Tillis, Chris Coons e Jeanne Shaheen, além de parlamentares da Câmara, como a deputada Sydney Kamlager-Dove.
Segundo o jornal Sport, as negociações têm foco em suspender temporariamente a tarifa imposta pelo governo de Donald Trump, que afeta setores estratégicos como aço, alumínio, alimentos e bens manufaturados. A medida pode causar prejuízos estimados em R$ 175 bilhões nos próximos dez anos, conforme estudo da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).
A vice-presidente da comissão, senadora Tereza Cristina (PP-MS), afirmou que o Senado está atuando para evitar o impacto de tarifas “injustas” que prejudicam produtores e exportadores brasileiros. “Nossa missão é buscar caminhos para o diálogo e fazer valer o bom senso nas relações bilaterais”, declarou.
Embora não seja atribuição direta do Legislativo negociar tarifas comerciais, os senadores reforçaram que a presença em solo americano tem caráter institucional e simbólico. Na segunda (28), a comitiva se reuniu com membros da U.S. Chamber of Commerce - maior organização empresarial dos EUA - para pedir apoio contra a nova tarifa.
Gigantes do setor privado como Cargill, Caterpillar, ExxonMobil, Shell, Dow Chemical, IBM, Johnson & Johnson, S&P Global e DHL participaram da reunião articulada pelo Brazil-U.S. Business Council. Os representantes demonstraram preocupação com os efeitos da tarifa sobre as cadeias produtivas integradas, que envolvem fornecedores brasileiros.
Durante o encontro, a defesa foi clara: adiar a entrada em vigor da taxa enquanto se buscam soluções técnicas e diplomáticas. A proposta é mostrar que o Brasil tem papel insubstituível em áreas como alimentos, energia e insumos industriais. A estratégia inclui, inclusive, um pedido para que a Câmara de Comércio intermedeie uma conversa direta entre os presidentes dos dois países.
Pressão por parte do Congresso dos EUA - Entre os senadores americanos ouvidos pela comitiva, houve manifestações favoráveis à reavaliação da tarifa. Democratas como Ed Markey e Martin Heinrich indicaram apoio à solicitação brasileira para retirar produtos da lista de taxação. “Temos boas expectativas com esses contatos”, disse Tereza Cristina.
A senadora relatou que, além das agendas políticas, os parlamentares também buscaram empresários e lideranças civis que defendem uma relação comercial equilibrada e estável entre os países. Para ela, “nenhuma ideologia deve falar mais alto que o bom senso e o compromisso com o bem-estar de brasileiros e americanos”.
Tereza Cristina também destacou o papel do Congresso diante da ausência de diálogo direto entre os presidentes Lula e Trump. “O tempo corre, e enquanto o presidente Lula se recusa a se aproximar do presidente Trump, nós, como representantes responsáveis do povo, fazemos o possível - e o impossível - para defender os interesses do nosso país”, afirmou a senadora.
Comitiva amplia interlocução até o fim da missão - Além de Trad e Tereza Cristina, integram a comitiva os senadores Jaques Wagner (PT-BA), Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), Rogério Carvalho (PT-SE), Carlos Viana (Podemos-MG), Fernando Farias (MDB-AL) e Esperidião Amin (PP-SC). A missão, aprovada por unanimidade no Senado, encerra nesta quarta-feira (30), com uma reunião com representantes da Americas Society/Council of the Americas - entidade que reúne lideranças empresariais e civis do continente.
