
Quatro senadores aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estiveram nesta segunda-feira (17) no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal. A visita ocorre em meio à expectativa pela possível transferência do ex-presidente para o local, após sua condenação a 27 anos e três meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por participação em uma trama golpista.
A comitiva foi liderada pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF), presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, e contou com os senadores Eduardo Girão (Novo-CE), Izalci Lucas (PL-MG) e Marcio Bittar (PL-AC). Segundo os parlamentares, o principal foco da visita foi verificar as condições de atendimento médico emergencial aos detentos.
“Viemos avaliar em quanto tempo um preso pode receber atendimento médico de emergência. Bolsonaro tem problemas gravíssimos de saúde que exigiriam socorro em até 20 minutos”, disse Damares em vídeo publicado nas redes sociais. A senadora não mencionou prazos ou critérios técnicos para essa avaliação.
Acesso negado a presos do 8 de janeiro, dizem senadores - Durante a visita, o senador Eduardo Girão afirmou que tenta, desde o início do ano, autorização do ministro do STF Alexandre de Moraes para visitar os presos investigados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, sem sucesso.
“Estamos fazendo uma visita técnica na prisão em geral e não nas celas onde possivelmente estará o presidente Jair Bolsonaro”, declarou Girão. Ele voltou a classificar os detentos como "presos políticos" e criticou o que chamou de “perseguição política no Brasil”.
Segundo o senador, o Senado aprovou ainda em fevereiro um requerimento para que parlamentares pudessem visitar presos em diferentes unidades do país, mas a autorização específica para o DF não teria sido concedida.
A visita dos parlamentares ocorre poucos dias após o STF condenar Jair Bolsonaro a mais de 27 anos de prisão pelos crimes de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e associação criminosa. A decisão, histórica, marca a primeira vez que um ex-presidente da República é condenado à prisão por tentar romper a ordem constitucional vigente.
Embora a sentença ainda possa ser alvo de recursos, o gesto dos senadores alimenta o debate político sobre os desdobramentos da decisão judicial e sinaliza mobilização de apoiadores do ex-presidente diante da possibilidade de sua detenção.
O Complexo da Papuda, onde Bolsonaro poderia ser encaminhado, abriga detentos de diversos perfis, incluindo presos da Lava Jato e condenados por corrupção, tráfico e crimes violentos. A unidade é administrada pela Subsecretaria do Sistema Penitenciário do DF.
A visita desta segunda-feira reforça o tom de enfrentamento adotado por parlamentares da oposição ao governo Lula, ao mesmo tempo em que evidencia a polarização em torno dos desdobramentos jurídicos e políticos do 8 de janeiro.


