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28 de outubro de 2025 - 17h57
SEGURANÇA PÚBLICA

Secretário de Segurança do Rio afirma que Estado não consegue enfrentar o crime organizado sozinho

Victor Santos e o governador Cláudio Castro lamentam ausência de apoio federal em megaoperação contra o Comando Vermelho

28 outubro 2025 - 15h05Redação O Estado de S. Paulo
Operação Contenção mobilizou helicópteros, blindados, drones e centenas de agentes para prender lideranças do tráfico no Rio
Operação Contenção mobilizou helicópteros, blindados, drones e centenas de agentes para prender lideranças do tráfico no Rio - Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo
Terça da Carne

Durante entrevista à TV Globo nesta terça-feira (28), o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, fez um desabafo contundente sobre o enfrentamento ao crime organizado no Estado. Segundo ele, o Rio não tem condições de combater sozinho o avanço das facções criminosas, como o Comando Vermelho (CV), e já teve pedidos de auxílio negados pela União.

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A declaração foi feita no contexto da megaoperação policial que resultou na prisão de 81 suspeitos e na morte de 18 criminosos e dois policiais civis. Durante a ação, vídeos divulgados pela Polícia Civil mostraram explosões causadas por artefatos lançados por drones — uma retaliação atribuída ao CV, que atua no Complexo da Penha e em outras comunidades da zona oeste do Rio.

‘Estado de guerra’ e abandono federal - “São aproximadamente 9 milhões de metros quadrados de desordem. Casas construídas de forma irregular, becos que é impossível fazer patrulhamento. Isso causa risco maior à população e, obviamente, aos policiais. Esses criminosos dominaram essa região. Hoje, por exemplo, utilizaram drones lançando artefatos explosivos contra os policiais e a população. Essa é a realidade, esse estado de guerra que a gente vive no Rio de Janeiro”, afirmou Victor Santos.

Para o secretário, é impossível atuar de forma eficaz sem articulação com outras esferas do poder. “Sozinho ninguém consegue fazer nada. São quase 1900 favelas no Rio. Nós somos o quarto menor Estado, mas o terceiro mais populoso. Foram 600 fuzis apreendidos das mãos de criminosos. É um diagnóstico muito ruim. E o Estado vem fazendo esse papel de combate sozinho há anos. É importante que Estado, prefeitura e União sentem à mesa, sem ideologia”, reforçou.

Em entrevista coletiva no início da tarde, o governador Cláudio Castro também lamentou a ausência de apoio do governo federal. Segundo ele, o Estado não solicitou reforços desta vez porque já recebeu três negativas anteriores.

“Não foram pedidas dessa vez porque nós já tivemos três negativas. Nós já entendemos que a política é de não ceder. Falam que tem que ter GLO (Garantia da Lei e da Ordem), que tem que ter isso ou aquilo. Dizem que podiam emprestar o blindado, depois não podem mais porque o operador é um servidor federal. O presidente já falou que é contra GLO. A gente entendeu que a realidade é essa e não vamos ficar chorando pelos cantos”, declarou o governador.

Castro ressaltou a gravidade da situação. “Estamos fazendo a maior operação da história do Rio de Janeiro e, infelizmente, nossas polícias estão sozinhas. Não temos auxílio de blindados, nem de nenhum agente das forças federais, nem da segurança, nem da defesa”, afirmou.

Batizada de Operação Contenção, a ação tem como foco desmantelar o Comando Vermelho e conter sua expansão territorial no Estado. De acordo com a Polícia Civil, a facção domina 26 comunidades espalhadas por dois grandes complexos da capital.

O trabalho contou com a mobilização de agentes de todas as delegacias especializadas, unidades distritais, o Departamento de Combate à Lavagem de Dinheiro e a Subsecretaria de Inteligência. A Polícia Militar também foi acionada, por meio do Comando de Operações Especiais e unidades da capital e da Região Metropolitana.

Além da força humana, a operação contou com drones, dois helicópteros, 32 blindados terrestres, 12 veículos de demolição do Núcleo de Apoio às Operações Especiais da PM e ambulâncias de resgate. O Ministério Público do Estado também participou, com promotores do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

Denúncias e mandados contra lideranças do tráfico - Entre os principais alvos da operação estavam Edgar Alves de Andrade, conhecido como “Doca” ou “Urso”, e Thiago do Nascimento Mendes, o “Belão do Quintungo”. Ambos são apontados como líderes do Comando Vermelho e foram capturados na operação.

O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou 67 pessoas por associação para o tráfico, e três delas, incluindo Doca, também por tortura. Contra Doca, pesam ainda suspeitas de mais de 100 homicídios, incluindo execuções de crianças, desaparecimentos forçados de moradores e ataques a unidades policiais.

Entre os casos mais graves atribuídos a ele está a invasão da delegacia de Duque de Caxias em fevereiro de 2025, ocasião em que agentes foram feridos e torturados em tentativa de resgatar um comparsa preso, o traficante Rodolfo Manhães Viana, o “Rato”.

As falas de Victor Santos e Cláudio Castro reforçam um pedido antigo das autoridades do Rio: a necessidade de políticas integradas entre os níveis municipal, estadual e federal para enfrentar o poder do tráfico nas favelas.

Apesar do esforço local, o governo estadual afirma não ter mais expectativa de apoio federal efetivo, especialmente após a negativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em autorizar o uso de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

A ausência de ações conjuntas evidencia as dificuldades enfrentadas por agentes da segurança pública que, além da falta de estrutura, têm de lidar com estratégias cada vez mais tecnológicas e ousadas das facções criminosas, como o uso de drones para ataque com explosivos.

O secretário da Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, disse nesta terça-feira, 28, em entrevista à TV Globo, que o Estado não tem condições de enfrentar sozinho o crime organizado. Ele ainda afirmou que o governo solicitou ajuda federal em uma operação anterior contra o Comando Vermelho (CV), mas teve o pedido negado.

A polícia do Rio realiza uma megaoperação contra a facção. Segundo o governo, o CV lançou bombas por meio de drones em retaliação. Vídeos divulgados pela Polícia Civil mostram o momento das explosões. Ao menos dois policiais e 18 criminosos foram mortos. 81 foram presos.

"São aproximadamente 9 milhões de metros quadrados de desordem. Casas construídas de forma irregular, becos que é impossível fazer o patrulhamento. Isso causa risco maior à população e obviamente aos policiais. Esses criminosos dominaram essa região. Hoje, por exemplo, utilizaram drones lançando artefatos explosivos contra os policiais e a população. Essa é a realidade, esse Estado de Guerra que a gente vive no Rio de Janeiro", disse Victor Santos.

"Sozinho ninguém consegue fazer nada. São quase 1900 favelas no Rio de Janeiro. Nós somos o quarto menor Estado, mas o terceiro mais populoso. 600 fuzis apreendidos na mão de criminosos. É um diagnóstico muito ruim do Rio de Janeiro. E o Estado vem fazendo esse papel de combate sozinho há anos. É importante, sim, que o Estado, a prefeitura e a União sentem à mesa, sem ideologia", completou o secretário.

Governador lamenta falta de auxílio - Em entrevista coletiva no início da tarde, o governador Cláudio Castro também lamentou a falta de apoio de outras esferas de poder.

"As nossas polícias estão sozinhas. É uma operação maior do que a de 2010 e, infelizmente, dessa vez, como ao longo desse mandato inteiro, não temos o auxílio nem de blindados, nem de nenhum agente das forças federais, nem de segurança, nem de defesa. A gente sozinho nessa luta. Estamos fazendo a maior operação da história do Rio de Janeiro", afirmou Castro.

Questionado se o governo estadual pediu ajuda ao governo federal para a operação desta terça-feira, Castro disse que não foi solicitado nenhum apoio "desta vez" porque já houve três negativas de ajuda ao Estado.

"Não foram pedidas dessa vez, porque nós já tivemos três negativas. Nós já entendemos que a política é de não é ceder. Falam que tem que ter GLO (Garantia da Lei da Ordem), que tem que ter isso, que tem que ter aquilo, que podiam emprestar o blindado e depois não podiam mais emprestar porque o servidor que opera o blindado é um servidor federal. O presidente já falou que ele é contra GLO. A gente entendeu que a realidade é essa e a gente não vai ficar chorando pelos cantos", afirmou.

Ao todo, o Ministério Público do RJ denunciou 67 pessoas pelo crime de associação para o tráfico, e três homens também foram denunciados por tortura, dentre eles, Edgar, conhecido como Doca, apontado como operador e responsável pela expansão da facção.

A ação, que também conta com o apoio de promotores do Ministério Público Estadual, foi deflagrada a partir de mais de um ano de investigação e mandados de busca e apreensão e de prisão obtidos pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).

"A Operação Contenção visa capturar lideranças criminosas do Rio e de outros Estados e combater a expansão territorial do Comando Vermelho. Os dois complexos abrigam 26 comunidades", disse a Polícia Civil do Rio.

Policiais militares do Comando de Operações Especiais e das unidades operacionais da PM da capital e região metropolitana participam das ações.

Já a Polícia Civil mobilizou agentes de todas as delegacias especializadas, distritais, da CORE, do Departamento de Combate à Lavagem de Dinheiro e da Subsecretaria de Inteligência.

A Operação Contenção é reforçada com tecnologia avançada, incluindo drones, dois helicópteros, 32 blindados terrestres, 12 veículos de demolição do Núcleo de Apoio às Operações Especiais da PM e ambulâncias para resgate.

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