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POLÍTICA INTERNACIONAL

Sanção dos EUA à esposa de Moraes agrava crise diplomática com o Brasil

Viviane Barci de Moraes entra em lista de punições dos EUA com base na Lei Magnitsky; imprensa estrangeira vê retaliação política

23 setembro 2025 - 12h55Raisa Toledo
EUA sancionam esposa de Moraes e elevam crise com Brasil; imprensa internacional vê retaliação política.
EUA sancionam esposa de Moraes e elevam crise com Brasil; imprensa internacional vê retaliação política. - Ricardo Stuckert / Presidência da República
Terça da Carne

A decisão do governo dos Estados Unidos de sancionar a advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, acirrou ainda mais as tensões diplomáticas entre Washington e Brasília. A medida, oficializada nesta segunda-feira (22), foi aplicada com base na Lei Magnitsky, instrumento legal norte-americano usado para punir autoridades estrangeiras acusadas de corrupção ou violações de direitos humanos.

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A inclusão da advogada na lista de sanções surpreendeu a diplomacia brasileira e foi classificada pela imprensa internacional como um ato inédito e controverso. Os efeitos práticos incluem o congelamento de ativos e a proibição de qualquer transação financeira com cidadãos ou empresas dos Estados Unidos. Fontes diplomáticas ouvidas por veículos estrangeiros avaliam a medida como uma retaliação direta ao julgamento e condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no inquérito da tentativa de golpe de Estado.

Cobertura internacional vê pressão política e vingança

Veículos renomados da imprensa internacional trataram a medida como uma escalada nas relações bilaterais. O francês Le Monde afirmou que "a administração norte-americana exerce pressão crescente contra autoridades judiciais brasileiras", descrevendo a sanção como parte de uma "crise diplomática em curso".

Nos Estados Unidos, o Washington Post foi direto ao associar a ação ao ex-presidente Donald Trump, que prometera retaliação contra Moraes pela condenação de Bolsonaro. O jornal lembrou que a Lei Magnitsky costuma ser utilizada contra "funcionários de regimes hostis como Coreia do Norte ou Irã", destacando o caráter atípico da sanção aplicada à esposa de um juiz de um país aliado.

O espanhol El País classificou a punição como "retaliação econômica politicamente motivada" e destacou o fato de Viviane Barci estar agora na mesma lista que inclui "os Mayos, do cartel de Sinaloa, e dois extremistas islâmicos com ligação ao Irã".

Na Suíça, o 20 Minutes publicou em sua versão francesa que "os Estados Unidos se voltam contra a esposa do juiz brasileiro que condenou Bolsonaro", sugerindo que a ação tem motivações políticas. Em sua versão alemã, o jornal afirmou que Viviane "perde toda oportunidade de negócios nos EUA" por causa das decisões de seu marido.

No Canadá, o TVA Nouvelles ressaltou que "as sanções aumentam a crise entre os dois países", enquanto a rede árabe Al Jazeera classificou o episódio como "um acirramento da crise diplomática entre as duas maiores democracias do Hemisfério Ocidental".

Declarações oficiais dos EUA elevam o tom

A retórica adotada por autoridades norte-americanas também ajudou a alimentar o desgaste diplomático. O secretário de Estado Marco Rubio afirmou que a sanção mira “a rede de apoio” de Alexandre de Moraes. Já o secretário do Tesouro, Scott Bessent, fez uma referência direta ao casal criminoso norte-americano dos anos 1930, dizendo que "não há Clyde sem Bonnie", numa tentativa de associar Viviane Barci ao que chamou de “ações autoritárias” do ministro do STF.

Juristas ouvidos por redes internacionais afirmaram que, embora os advogados de Viviane devam recorrer da decisão, as chances de sucesso são consideradas remotas. A situação abre um precedente delicado, com potencial de afetar futuras cooperações jurídicas entre os países.

Crise diplomática em curso

O governo brasileiro ainda não se pronunciou oficialmente sobre a sanção, mas fontes próximas ao Itamaraty já consideram o episódio como um dos mais graves na história recente das relações entre Brasil e Estados Unidos. O fato de a medida atingir um familiar direto de um ministro do STF sem que haja, até o momento, provas públicas de envolvimento em atos ilegais, levanta questionamentos sobre a motivação real da ação norte-americana.

Nos bastidores, o temor é que outras autoridades brasileiras, ligadas ao Judiciário ou ao atual governo, possam ser alvo de sanções semelhantes, aprofundando ainda mais a crise.

A repercussão internacional, com manchetes destacando o episódio em veículos da Europa, América do Norte e Oriente Médio, amplia o impacto político e institucional da sanção — não apenas para Viviane Barci, mas para o equilíbrio diplomático entre os dois países.

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