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MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS

Saiba quem são as favoritas a assumir a vaga de Silvio Almeida

Entre nomes técnicos e históricos da militância, Lula equilibra forças internas do PT.

8 setembro 2024 - 20h00Ricardo Eugenio
As três principais favoritas para substituir Silvio Almeida no Ministério dos Direitos Humanos Vilma Reis, Macaé Evaristo e Sheila de Carvalho, representam diferentes trajetórias de luta pelos direitos humanos e raciais no Brasil.
As três principais favoritas para substituir Silvio Almeida no Ministério dos Direitos Humanos Vilma Reis, Macaé Evaristo e Sheila de Carvalho, representam diferentes trajetórias de luta pelos direitos humanos e raciais no Brasil. - (Foto: Reprodução;Instagram)

Depois da queda de Silvio Almeida, ex-ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, envolvido em acusações de assédio sexual, o Palácio do Planalto vive um novo momento de reorganização. Para conter a crise, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já deixou claro o perfil de quem deseja ver à frente da pasta: uma mulher negra. A decisão de Lula vai além de uma simples troca de ministros – trata-se de uma resposta política às acusações que abalaram a imagem do governo e, ao mesmo tempo, de uma escolha carregada de simbolismo para um ministério historicamente ligado às lutas por igualdade e justiça social.

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Com a queda de Almeida, três nomes ganharam força nos bastidores de Brasília: a socióloga Vilma Reis, a secretária de Acesso à Justiça Sheila de Carvalho e a deputada estadual de Minas Gerais Macaé Evaristo. Cada uma delas representa uma faceta distinta da militância e do projeto político do PT, e a escolha não parece ser tão simples como uma nomeação ministerial usual.

Macaé Evaristo: Minas na disputa pelo protagonismo - Entre as opções, Macaé Evaristo aparece como a favorita da presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Ex-secretária de Educação de Belo Horizonte e atual deputada estadual em Minas Gerais, Macaé tem uma longa trajetória ligada à educação e às políticas de inclusão racial. Seu nome é uma tentativa de dar mais protagonismo ao PT mineiro, que se sente marginalizado na atual composição ministerial de Lula. Além disso, sua possível nomeação conta com a benção de Gleide Andrade, tesoureira do PT e figura influente na máquina partidária.

Macaé Evaristo, figura forte no PT e líder mineira, é uma das principais candidatas a substituir Silvio Almeida.
Macaé Evaristo, figura forte no PT e líder mineira, é uma das principais candidatas a substituir Silvio Almeida.

Mas nem tudo é simples. A nomeação de Macaé pode enfrentar resistência de outras alas do PT, especialmente aquelas mais alinhadas ao movimento negro mais radical, que questiona a centralização das decisões em torno de um núcleo restrito da direção do partido.

Sheila de Carvalho: a força silenciosa no Planalto - Por outro lado, Sheila de Carvalho, que atualmente ocupa o cargo de secretária nacional de Acesso à Justiça, surge como uma opção mais discreta, mas nem por isso menos poderosa. Sheila, que é advogada e ativista do movimento antirracista, vem crescendo dentro do governo desde que foi nomeada assessora especial do Ministério da Justiça em 2022. Na atual gestão de Ricardo Lewandowski, ganhou ainda mais visibilidade.

Secretária de Acesso à Justiça, Sheila de Carvalho, cotada para ocupar a vaga deixada por Silvio Almeida.
Secretária de Acesso à Justiça, Sheila de Carvalho, cotada para ocupar a vaga deixada por Silvio Almeida.

Sua trajetória dentro do Planalto é marcada pela confiança que conseguiu construir entre colegas e superiores, sempre trabalhando com discrição, mas de forma eficiente. Por ser menos conhecida do grande público, sua nomeação poderia ser vista como uma escolha técnica, mas que também atende à demanda por uma mulher negra à frente do ministério.

Vilma Reis: a militância de raiz e o apoio da esquerda do PT - Se o objetivo de Lula for acalmar as bases mais à esquerda do partido, Vilma Reis seria a escolha ideal. Socióloga, ativista e ex-ouvidora-geral da Defensoria Pública da Bahia, Vilma tem um histórico de lutas sociais e é uma figura bem vista por setores do movimento negro e feminista. Sua atuação, marcada pela defesa intransigente dos direitos das mulheres negras e periféricas, fez dela uma liderança de peso dentro do PT.

Socióloga e ativista, Vilma Reis, em ato público, destacando-se como uma das favoritas para assumir o Ministério dos Direitos Humanos.
Socióloga e ativista, Vilma Reis, em ato público, destacando-se como uma das favoritas para assumir o Ministério dos Direitos Humanos.

Vilma, no entanto, é uma figura que vem de fora dos corredores de Brasília, sem a experiência prévia dentro das engrenagens do governo federal. Sua nomeação, portanto, representaria um movimento de maior aproximação com as bases sociais do PT, mas talvez traga desafios em termos de articulação política dentro de um governo que busca equilíbrio em tempos de tensão.

A busca por um gesto político - Lula, mais uma vez, precisa realizar uma manobra delicada. A escolha da próxima ministra dos Direitos Humanos não é apenas sobre preencher uma vaga. O presidente sabe que o nome escolhido carregará simbolismos profundos para dentro e fora do governo. A queda de Silvio Almeida não foi apenas uma questão pessoal – ela abalou um dos pilares centrais do discurso do PT: a defesa intransigente dos direitos humanos. E nada seria mais emblemático do que colocar uma mulher negra à frente dessa pasta.

Mas, em meio a isso, a máquina partidária se movimenta. As diferentes facções do PT enxergam na crise uma oportunidade para fortalecer suas posições internas e ampliar seu poder dentro do governo. A escolha de Macaé Evaristo, Sheila de Carvalho ou Vilma Reis não será apenas um gesto de Lula – será, sobretudo, uma sinalização de para onde o partido está caminhando e quais setores ele deseja atender.

Por enquanto, Lula parece estar escutando mais do que falando. O Planalto monitora as reações internas e externas e ainda não há uma data marcada para a escolha oficial. O que está claro é que, em tempos de crises, cada gesto do presidente será minuciosamente interpretado. Uma escolha que, aparentemente, seria apenas técnica pode acabar sendo o divisor de águas para o rumo de sua relação com os movimentos sociais e a ala mais progressista do PT.

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