
Após videoconferência entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump na última segunda-feira (6), os governos do Brasil e dos Estados Unidos iniciaram oficialmente as negociações para revisar a taxação extra imposta a produtos brasileiros. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, foi procurado pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, que o convidou para uma reunião presencial em Washington.

O diálogo é um desdobramento direto da conversa entre os dois presidentes, que buscaram uma abordagem cordial para superar as tensões comerciais. “Confesso que fiquei surpreso com o resultado da conversa, porque era uma coisa que parecia impossível”, disse Lula nesta quinta-feira (9), em entrevista à Rádio Piatã, da Bahia.
Lula e Trump trocaram contatos diretos e devem se encontrar pessoalmente em breve. “Somos dois senhores de 80 anos, presidimos as duas maiores democracias do Ocidente e precisamos passar ao mundo cordialidade e harmonia”, afirmou o presidente brasileiro.
Taxação extra atinge 45% das exportações brasileiras - Desde 6 de agosto, os Estados Unidos aplicam uma tarifa adicional de 40% sobre diversos produtos brasileiros, incluindo café, frutas e carnes. A medida foi tomada pela gestão Trump como retaliação a decisões do governo Lula que, segundo Washington, afetariam grandes empresas de tecnologia norte-americanas — além de uma resposta política ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Inicialmente, cerca de 700 itens — aproximadamente 45% das exportações do Brasil aos EUA — foram isentos da nova taxação, como suco de laranja, fertilizantes, combustíveis e aeronaves civis. Ao longo das últimas semanas, outros produtos também foram retirados da lista, mas a maior parte das exportações brasileiras segue sob cobrança.
Lula destacou o desejo do Brasil de manter relações estáveis com os Estados Unidos, um parceiro diplomático e comercial de longa data. “Queremos manter uma relação boa, civilizada e respeitosa, sem abrir mão da nossa soberania”, reforçou.
A conversa entre os ministros Mauro Vieira e Marco Rubio marcará o próximo passo na tentativa de reduzir ou eliminar as tarifas impostas. De acordo com nota do Itamaraty, o objetivo do encontro será “dar seguimento ao tratamento das questões econômico-comerciais entre os dois países, conforme definido pelos presidentes”.
Uma reaproximação inesperada - O clima amistoso da conversa entre Lula e Trump surpreendeu até mesmo assessores dos dois lados. “Ele me ligou da forma mais gentil que um ser humano pode lidar com o outro. Eu tratando de forma civilizada, e ele me tratando de forma civilizada”, contou Lula.
A reabertura do diálogo é vista como um avanço concreto por setores da economia brasileira, incluindo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que avaliou o movimento como sinal de reequilíbrio nas relações bilaterais.
