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DO PLANO À PONTE

Uma ponte, dois governos e o caminho para o Pacífico

Ex-governador Reinaldo Azambuja e atual gestão se unem em torno da rota bioceânica, vista como divisor de águas logístico para o Mato Grosso do Sul

16 setembro 2025 - 11h30Da Redação
Reinaldo Azambuja e Eduardo Riedel em montagem sobre as obras da ponte internacional entre Porto Murtinho (Brasil) e Carmelo Peralta (Paraguai), símbolo da Rota Bioceânica e marco logístico para o Mato Grosso do Sul.
Reinaldo Azambuja e Eduardo Riedel em montagem sobre as obras da ponte internacional entre Porto Murtinho (Brasil) e Carmelo Peralta (Paraguai), símbolo da Rota Bioceânica e marco logístico para o Mato Grosso do Sul. - (Montagem: A Crítica)

Na manhã desta terça-feira (16) o ex-governador Reinaldo Azambuja concedeu entrevista ao programa Giro Estadual de Notícias, transmitido para todas as emissoras do Grupo Feitosa de Comunicação, com capilaridade em todo o Mato Grosso do Sul, além das redes sociais do Jornal A Crítica.

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Azambuja voltou ao tema que marcou sua gestão: a Rota Bioceânica. Sem rodeios, lembrou com orgulho que foi em seu governo que a rota saiu do papel. "Começamos a discutir, a articular e a colocar no mapa a ponte em Porto Murtinho", disse, referindo-se à ligação com Carmelo Peralta, no Paraguai.

A ponte, explicou, é mais do que concreto e aço. É o símbolo de uma visão de futuro, de um Mato Grosso do Sul não mais isolado no coração do Brasil, mas conectado ao mundo pela costa do Pacífico.


Azambuja e Riedel destacam a rota bioceânica como divisor de águas logístico e econômico para Mato Grosso do Sul

Se para Azambuja o projeto foi semente, para o atual governador, Eduardo Riedel, é colheita. Desde que assumiu o comando do estado, Riedel tem tratado a rota como prioridade. O discurso de ambos se alinha: reduzir custos, cortar distâncias, abrir portas. "Hoje, pra chegar a Singapura, um navio sai de Santos e leva 17 dias. Pelo Pacífico, são dez a menos", argumentou Azambuja.


Em abril de 2022, o então governador Reinaldo Azambuja apresentou o projeto da Rota Bioceânica durante evento na sede da Agraer, em Campo Grande (MS)

Na prática, isso significa competitividade para o produtor rural, para o exportador e para o Brasil. O corredor até o Pacífico, conhecido formalmente como Rota de Integração Latino-Americana (RILA), liga o Atlântico aos portos chilenos de Iquique e Antofagasta, passando por Brasil, Paraguai e Argentina. Uma estrada de 2.396 km que atravessa o Mato Grosso do Sul, corta fronteiras e economiza tempo - e dinheiro.

A construção do legado - Durante seus dois mandatos, entre 2015 e 2022, Reinaldo Azambuja enfrentou um estado quebrado, segundo ele próprio. "Em 2015, o estado mal conseguia pagar os servidores", relembrou. Foram anos de reformas impopulares: previdenciária, fiscal, administrativa. Tudo para pôr a casa em ordem. "O remédio foi amargo, mas curou a doença", comparou.


Em abril de 2022, o então governador Reinaldo Azambuja apresentou o projeto da Rota Bioceânica durante evento na sede da Agraer, em Campo Grande (MS).

Essas reformas, defende, criaram as bases para o que veio depois: equilíbrio fiscal, crescimento e investimentos. "Hoje somos o estado que mais investe per capita no Brasil." Entre os grandes projetos, está a consolidação da rota bioceânica.

A ponte entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta está com 75% da obra concluída e previsão de entrega para 2026. No lado brasileiro, os acessos também estão no cronograma. No Paraguai, as obras avançam, ainda que em ritmo desigual. A expectativa é que, uma vez operando, a ponte movimente cerca de 250 caminhões por dia.

"Hoje somos o estado que mais investe per capita no Brasil."

A rota como bandeira conjunta - Azambuja fala com entusiasmo da continuidade de suas políticas. "É uma honra entregar um estado em crescimento e ver meu sucessor dando prosseguimento às ações." E cita a rota bioceânica como símbolo dessa transição bem-sucedida. "Um começou, o outro está concluindo. E quem ganha é o Mato Grosso do Sul."


Governador Eduardo Riedel visita as obras da ponte bioceânica em Porto Murtinho; estrutura já está com 75% dos trabalhos concluídos

A entrevista no Giro Estadual de Notícias, transmitida pelas emissoras de rádio do Grupo Feitosa de Comunicação, serviu também como plataforma para o ex-governador reforçar sua presença no cenário político. Atualmente filiado ao PL, ele se prepara para novos desafios, incluindo a possibilidade de disputar uma vaga no Senado em 2026.

Mas, por ora, o foco é a logística. Azambuja defende não apenas estradas, mas ferrovias, hidrovias, portos secos, infraestrutura alfandegária integrada. "Não adianta ter uma ponte se o caminhão ficar parado na fila da alfândega."

Desafios e esperanças - A rota bioceânica ainda enfrenta obstáculos. O lado paraguaio caminha mais lentamente. Questões ambientais e sociais também preocupam, principalmente pelo impacto sobre áreas como o Pantanal e o Chaco. Populações tradicionais exigem voz. Há demanda por políticas que garantam que o corredor beneficie mais do que apenas a exportação de grãos - que leve desenvolvimento ao turismo, à cultura e ao comércio local.


Projeção digital mostra como será a ponte entre Porto Murtinho (Brasil) e Carmelo Peralta (Paraguai), principal eixo da Rota Bioceânica

Reinaldo Azambuja acredita que a resposta está na continuidade. Na rota, mas também nos programas sociais, na regionalização da saúde, na expansão da internet rápida via infovias digitais. "O importante é manter o rumo", diz.

E reforça: a ponte é só o começo. A verdadeira transformação virá com o fluxo constante de caminhões, pessoas, mercadorias e oportunidades. "Mato Grosso do Sul não quer ser só um ponto de passagem. Quer ser protagonista".
Confira a entrevista na íntegra:

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