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CASO MARIELLE

Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são condenados pela execução de Marielle e Anderson

Após dois dias de julgamento, tribunal do júri condena ex-policiais militares pelos crime de duplo homicídio triplamente qualificado, homicídio tentado e pela receptação do veículo utilizado no crime

31 outubro 2024 - 18h50
Juíza Lúcia Glioche lê sentença que condenou Ronnie Lessa e Élcio Queiroz
Juíza Lúcia Glioche lê sentença que condenou Ronnie Lessa e Élcio Queiroz - (Foto: Pablo Porciuncula/AFP)

Os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram condenados pelo tribunal do júri do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), nesta quinta-feira, 31, pelos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Executores confessos da parlamentar, Lessa e Queiroz estão presos em penitenciárias de São Paulo e Brasília desde março de 2019.

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Ronnie Lessa foi condenado a 78 anos de prisão e Élcio Queiroz, a 59 anos.

A dupla foi denunciada e condenada por duplo homicídio triplamente qualificado, um homicídio tentado, e pela receptação do veículo Cobalt utilizado no dia do crime, no dia 14 de março de 2018. Apesar de condenados, o artigo 75 do Código Penal estabelece que o tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 anos. Como o crime ocorreu em 2018 - um ano antes da atualização da lei, que antes previa dez anos a menos de pena máxima - Lessa e Queiroz deverão cumprir 30 anos.

Ronnie Lessa e Élcio Vieira de QueirozRonnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz - (Foto: Imagens cedidas pela Polícia/EFE)

Ex-sargento da PM do Rio de Janeiro, Ronnie Lessa confessou em acordo de colaboração premiada ter puxado o gatilho contra Marielle e Anderson. Em depoimento ao tribunal do júri, Lessa se disse arrependido e pediu desculpas à família das vítimas. O promotor do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) Fábio Vieira rebateu e classificou o interrogatório dos acusados como uma "farsa": "Eles não estão com sentimento de arrependimento. Eles estão com tristeza por terem sido pegos", disse.

Nesta quinta-feira, segundo dia do julgamento do caso, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, afirmou ser "difícil falar de perdão" aos autores confessos do crime.

Preso preventivamente desde março de 2019, Élcio Queiroz também é ex-PM e foi o motorista do carro que seguiu Marielle e Anderson pelo centro do Rio. Em 14 de junho de 2023, ele decidiu fazer uma colaboração premiada, admitiu a participação no crime e forneceu detalhes da execução aos investigadores da Polícia Federal (PF) e do MPRJ. Queiroz foi o primeiro envolvido no duplo homicídio a assumir a coparticipação no crime.

O julgamento teve início na manhã de quarta-feira, 30, e se estendeu até o fim da noite, em 13 horas e meia de depoimentos das testemunhas arroladas pelo MP, pela defesa e de interrogatório dos dois réus. Os jurados ouviram Fernanda Chaves, ex-assessora parlamentar de Marielle e sobrevivente do ataque; as viúvas Mônica Benício e Ágatha Arnaus; a mãe de Marielle, Marinete Silva; os policiais civis Luismar Cortelettili e Carlos Alberto Paúra Júnior, que participaram da primeira fase de investigações. Os sete foram convocados pela acusação.

Mãe de Marielle Franco, Marinete Silva, presta depoimentoMãe de Marielle Franco, Marinete Silva, presta depoimento - (Foto: Felipe Cavalcanti/TJRJ)

A defesa de Lessa arrolou os policiais federais Marcelo Pasqualetti e Guilhermo Catramby, responsáveis pela segunda fase das investigações sob a tutela da Polícia Federal (PF).

Após os depoimentos, o julgamento foi suspenso e retornou na manhã desta quinta-feira, por volta das 9h30. O segundo dia do júri foi marcado pelas alegações finais do Ministério Público e da defesa. Os promotores pediram aos jurados a condenação de Lessa e Queiroz em todos os pontos da acusação. Já a defesa pediu um "um julgamento justo" e questionou duas qualificadoras dos homicídios.

Ronnie Lessa prestou depoimento na quarta-feira, 30, no primeiro dia do julgamentoRonnie Lessa prestou depoimento na quarta-feira, 30, no primeiro dia do julgamento - (Foto: Felipe Cavalcanti/TJRJ)
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