
Na noite desta segunda-feira, 12 de fevereiro, Eduardo Riedel sentou-se na cadeira do Roda Viva, da TV Cultura, para uma entrevista. Durante quase duas horas, ele falou sobre economia, meio ambiente e segurança pública, mas foi ao tratar da proteção às mulheres que demonstrou maior firmeza. “Vamos olhar com lupa o que aconteceu e buscar o caminho da correção”, disse, ao comentar o feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte.
O caso, que gerou grande repercussão no estado, trouxe à tona a necessidade de fortalecer os serviços de atendimento às vítimas de violência doméstica. Riedel não fugiu da responsabilidade. “Houve uma falha do Estado e da sociedade, e precisamos agir para evitar que isso se repita”, afirmou. Ele anunciou uma reunião emergencial com delegadas da Casa da Mulher Brasileira e o secretário de Justiça e Segurança Pública, Antônio Videira, para revisar protocolos e garantir um atendimento mais ágil e eficiente.
Investimentos e tecnologia para acelerar proteção às vítimas - Além da revisão de procedimentos, o governador destacou que o estado deve investir em tecnologia para garantir proteção mais rápida às mulheres que buscam ajuda. “Precisamos de ferramentas que acelerem a resposta do sistema de Justiça”, explicou. Ele reforçou que os casos de feminicídio não são mascarados em Mato Grosso do Sul. “Aqui, não escondemos os números. Encaramos o problema de frente”, declarou.
Em 2023, o estado registrou 30 feminicídios. Diante desses números, o governo quer tornar a Casa da Mulher Brasileira ainda mais estruturada, ampliando sua atuação e fortalecendo a rede de proteção às vítimas. Riedel se comprometeu a trabalhar para que medidas concretas sejam implementadas rapidamente.

Equilíbrio político e foco na gestão - Na entrevista, Riedel demonstrou um estilo pragmático, evitando os extremos da polarização nacional. Questionado se era bolsonarista, respondeu que tem divergências com o PT, mas ressaltou que sua gestão busca unir diferentes forças políticas em torno de resultados concretos para a população. “Meu governo tem apoio de diversos partidos, do PT ao PL, porque perseguimos uma agenda da vida real”, afirmou.
Sobre o futuro político do país, citou governadores como Tarcísio de Freitas (SP), Eduardo Leite (RS) e Ratinho Júnior (PR) como nomes fortes para 2026. Quando Vera Magalhães brincou dizendo que ele parecia um tucano autêntico, Riedel riu, mas não se comprometeu. Preferiu reforçar sua prioridade: “O que me interessa é fazer uma gestão eficiente”.
Crescimento econômico e preservação ambiental - O desenvolvimento de Mato Grosso do Sul também foi tema da conversa. O governador destacou o crescimento do estado, impulsionado pela diversificação das cadeias produtivas e pela atração de indústrias voltadas para a transição energética. O governo tem investido em biomassa e biocombustíveis como motores do desenvolvimento sustentável.
No campo ambiental, anunciou que, até o final de março, será lançado um plano detalhado para o uso de recursos do Fundo Pantanal. “Foram R$ 40 milhões aportados para garantir a preservação do bioma e apoiar as comunidades que vivem nele”, afirmou. O governo também busca parcerias com empresas e doações para ampliar os investimentos na região.

Segurança pública e demarcação de terras - Outro tema abordado foi a segurança pública. Riedel defendeu a criação de um sistema nacional de segurança, desde que os estados participem ativamente da definição das regras. “Mato Grosso do Sul está em uma posição estratégica e precisa de um modelo que funcione para nossa realidade”, explicou, referindo-se à proximidade com fronteiras que favorecem o tráfico de drogas.
A demarcação de terras indígenas também foi discutida. O governador citou como exemplo a solução encontrada para a disputa em Antônio João, onde o governo intermediou a compra de terras de quem tinha títulos válidos. “Esse modelo pode ser um caminho para resolver outras questões fundiárias”, afirmou.
Um compromisso com resultados - A entrevista de Riedel no Roda Viva mostrou um governador que prefere falar de trabalho a se envolver em embates políticos. Ele reconheceu desafios, prometeu ajustes e reforçou seu compromisso com políticas públicas eficientes. A revisão dos protocolos de atendimento na Casa da Mulher Brasileira será um teste importante para sua gestão. Mas, se depender do que foi dito, o governo de Mato Grosso do Sul está disposto a agir.

