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POLÍTICA

Ricardo Nunes critica STF e defende anistia a condenados por atos de 8 de janeiro

Prefeito de São Paulo afirma que penas aplicadas são desproporcionais e acusa a Corte de falta de imparcialidade no julgamento de Bolsonaro

4 setembro 2025 - 17h45Bruna Rocha
Prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, fez críticas ao STF.
Prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, fez críticas ao STF. - (Foto: Esfera Brasil/Divulgação)
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O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), voltou suas críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (4), ao classificar como desproporcionais as penas aplicadas a envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Segundo Nunes, há exageros nas condenações e falta de imparcialidade nos julgamentos de figuras ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Durante conversa com jornalistas, o prefeito citou o caso de Débora Rodrigues, conhecida como "Débora do Batom", que foi condenada a 14 anos de prisão após escrever a frase “perdeu, mané” com batom na estátua da deusa Themis, que simboliza a Justiça, em frente à sede do STF. Nunes reconheceu o erro da manifestante, mas afirmou que a punição foi desmedida.

"O vandalismo tem que ser punido de forma rigorosa. Agora, é óbvio que alguém que pegou um batom e fez uma pichação numa estátua, o que está absolutamente errado, não merece 14 anos de prisão", declarou o prefeito.

Para reforçar seu ponto, Nunes utilizou uma metáfora ligada ao uso de medicamentos. “Todo remédio, na dose exagerada, vira veneno. Até remédio você tem que ter a dose certa”, disse, sugerindo que a Justiça deve aplicar punições proporcionais à gravidade dos atos.

O prefeito também questionou a isenção do STF no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus acusados de envolvimento na tentativa de golpe após as eleições de 2022. “Se você tem um julgamento imparcial, por que não deixa julgar com os 11 ministros? Por que julga com cinco? Um é advogado do Lula, o outro é inimigo do Bolsonaro, o outro foi indicado pelo Lula, ministro do Lula. Quer dizer, não tem imparcialidade nisso”, afirmou.

Em meio à discussão sobre o projeto de lei da anistia que tramita no Congresso, Nunes defendeu a proposta como uma forma de promover a pacificação do país. “A nossa questão primordial é pacificar o País, essa é a palavra de ordem. Se a pacificação requer atuações para que vote a anistia, para que a gente compreenda alguns exageros que o STF tem cometido, inegavelmente, isso pode ser um caminho”, afirmou.

A fala do prefeito ocorre na mesma semana em que o STF iniciou o julgamento de Bolsonaro e aliados no inquérito da trama golpista, reacendendo o debate político sobre a atuação da Corte. O tema da anistia tem mobilizado a base bolsonarista, que tenta ampliar apoio no Congresso à aprovação do projeto.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também tem defendido a proposta de anistia. Esta semana, ele foi a Brasília para articular o apoio de parlamentares ao projeto. Embora Tarcísio adote um tom mais moderado que outros aliados do ex-presidente, seu alinhamento com a pauta reforça o peso político que a discussão ganhou nos últimos dias.

As declarações de Nunes ocorrem em um momento de forte polarização política no Brasil, em que decisões do Judiciário têm sido constantemente questionadas por lideranças conservadoras. Ao mesmo tempo, o STF segue atuando em processos sensíveis envolvendo figuras do alto escalão do antigo governo.

O julgamento de Bolsonaro no Supremo pode ter desdobramentos significativos para o cenário eleitoral de 2026 e acirra a disputa narrativa entre o Executivo, o Judiciário e setores da oposição.

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