Um relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape-DF) afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu ter utilizado um ferro de solda para tentar romper a tornozeleira eletrônica que usava desde agosto, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). O documento descreve ainda sinais de queimadura em toda a circunferência do equipamento, que teve a violação registrada às 00h07 deste sábado (22).
A tornozeleira foi substituída após a equipe constatar as avarias, e o dispositivo danificado será encaminhado para perícia.
Tornozeleira eletrônica com extensas marcas de queimadura e sinais de derretimento, registrados pela equipe de monitoramento antes da substituição do equipamento. Foto: Reprodução youtube
Segundo o relatório, assinado pela policial penal Rita Gaio, diretora-adjunta do centro de monitoramento, a equipe de escolta foi imediatamente acionada após o alerta de violação. A informação inicial repassada pelos policiais que estavam na residência afirmava que Bolsonaro teria “batido o dispositivo na escada”. No entanto, ao acessar a casa, a equipe constatou que a versão não se sustentava.
“No momento em que esta Policial chegou ao local o acesso foi rapidamente viabilizado pelo próprio réu. [...] Diferente do que havia sido informado inicialmente, a tornozeleira não apresentava sinais de choque em escada”, diz o relatório.
Com o equipamento em mãos e em ambiente com boa iluminação, a policial identificou marcas de queimadura no fechamento do case. “O equipamento possuía sinais claros e importantes de avaria. Haviam marcas de queimadura em toda sua circunferência”, registra o documento.
Diante da constatação, Bolsonaro foi questionado sobre o que havia ocorrido. A declaração foi registrada:
“Em resposta, informou que fez uso de ferro de solda para tentar abrir o equipamento.”
A equipe também gravou um vídeo mostrando as avarias e a admissão do ex-presidente.
A violação da tornozeleira foi um dos pontos considerados pelo ministro Alexandre de Moraes ao decretar a prisão preventiva de Bolsonaro, cumprida na manhã deste sábado. Segundo Moraes, a tentativa de danificar o equipamento indica risco concreto de fuga e agravamento do quadro de descumprimento das regras impostas pelo STF.
