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GUERRA NA UCRÂNIA

Putin sinaliza acordo com Trump por garantia de segurança à Ucrânia fora da OTAN

Enviado dos EUA afirma que Rússia aceita proteção similar ao Artigo 5 da aliança, mas rejeita adesão formal do país à organização

17 agosto 2025 - 13h00Redação O Estado de S. Paulo
O presidente da Rússia, Vladimir Putin (esquerda), e o enviado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Steve Witkoff (direita), apertam as mãos durante um encontro no Kremlin, em Moscou, Rússia.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin (esquerda), e o enviado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Steve Witkoff (direita), apertam as mãos durante um encontro no Kremlin, em Moscou, Rússia. - Foto: Gavriil Grigorov/AP

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, aceitou a proposta apresentada por Donald Trump para que Estados Unidos e aliados europeus ofereçam à Ucrânia uma garantia de segurança semelhante à prevista no Artigo 5 da OTAN — compromisso de defesa mútua entre os membros da aliança. A informação foi confirmada neste domingo (17) por Steve Witkoff, enviado especial dos EUA, em entrevista à CNN.

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Segundo Witkoff, essa é a primeira vez que o líder russo aceita formalmente essa possibilidade durante uma conversa com Trump. Apesar da concessão, a entrada da Ucrânia na OTAN continua sendo descartada pela Rússia. A proposta, apresentada durante um encontro entre Trump e Putin, prevê um tipo de proteção militar ocidental robusta, mas sem a formalização da adesão ucraniana à aliança.

“Conseguimos obter a seguinte concessão: que os Estados Unidos pudessem oferecer proteção semelhante à do Artigo 5, que é uma das verdadeiras razões pelas quais a Ucrânia quer fazer parte da OTAN”, afirmou Witkoff. Ele acrescentou que essa solução intermediária “poderá ser algo com que os ucranianos consigam conviver”.

Compromissos e limites discutidos

De acordo com o enviado norte-americano, os dois lados concordaram com o que chamou de “garantias de segurança robustas e revolucionárias”. Entre os pontos abordados, estaria um compromisso legislativo por parte da Rússia de não buscar novos territórios ucranianos — embora a situação de Donetsk, na região leste do país, ainda esteja em aberto.

A próxima etapa dessas negociações ocorre nesta segunda-feira (18), em Washington. O encontro reunirá Trump, o presidente ucraniano Volodmir Zelenski e líderes europeus. A expectativa é detalhar os termos e definir o escopo do acordo proposto, além de avaliar a receptividade ucraniana ao modelo de segurança sem entrada na OTAN.

Pressão diplomática e impasse

Em entrevista à Fox News, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que ainda há forte resistência de ambos os lados e que a paz só será alcançada com concessões mútuas. “Em uma negociação, um lado não tem tudo o que quer. Isso não é um acordo de paz, isso é uma rendição. E eu não acho que você verá rendição de nenhum dos lados tão cedo”, afirmou.

Rubio destacou que os Estados Unidos “já fizeram muito” pela Ucrânia e não mantêm sanções ou fornecimento de armas à Rússia. No entanto, indicou que podem surgir novas “consequências adicionais” caso o cessar-fogo não avance. Essa posição reforça o aviso que Trump teria dado a Putin antes do encontro, alertando para uma escalada diplomática e econômica caso não houvesse sinalizações concretas pela paz.

“Queremos dar todas as oportunidades possíveis para que os russos digam sim a algo com o qual a Ucrânia possa viver”, explicou Rubio, ressaltando que as negociações ainda estão em curso e que há um caminho difícil até qualquer resolução final.

OTAN fora do plano, mas proteção permanece

A proposta de um modelo de segurança alternativo à OTAN busca atender parte dos anseios ucranianos por proteção internacional, ao mesmo tempo em que contorna a principal objeção russa: a expansão da aliança militar no leste europeu.

Witkoff deixou claro que a aceitação de Putin tem como base a exclusão da entrada formal da Ucrânia na OTAN, mas permitiria que países como Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha firmassem um pacto de defesa com Kiev, garantindo resposta imediata em caso de novas agressões.

Ainda assim, especialistas observam com cautela a viabilidade e a durabilidade de um acordo sem garantias formais multilaterais. O modelo também dependeria da disposição ucraniana em aceitar a limitação estratégica de não fazer parte oficialmente da OTAN — ponto que motivou boa parte da escalada do conflito em 2022.

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