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PARTIDOS POLÍTICOS

PT retoma plano de treinar lideranças com big techs de olho na eleição de 2026

Após críticas internas, nova direção volta a dialogar com plataformas digitais para capacitar militância e parlamentares

16 setembro 2025 - 13h15Guilherme Caetano
Nova direção do PT retoma diálogo com plataformas digitais para preparar militância e parlamentares para 2026
Nova direção do PT retoma diálogo com plataformas digitais para preparar militância e parlamentares para 2026 - Foto: Divulgação/PT
Terça da Carne

A nova direção nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) decidiu retomar os planos de oferecer treinamentos com as principais plataformas digitais às suas lideranças políticas e equipes de comunicação. A estratégia visa fortalecer a presença digital da sigla nas redes sociais e preparar o partido para a eleição presidencial de 2026, que deve ter como protagonista a tentativa de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Canal WhatsApp

A ideia de aproximar o partido das big techs chegou a ser anunciada no início do ano, sob comando do então secretário de Comunicação, Jilmar Tatto. Na época, reuniões chegaram a ser marcadas com TikTok e Meta, controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp. No entanto, críticas de setores mais à esquerda do partido fizeram a direção recuar.

Agora, com Edinho Silva na presidência do partido e Eden Valadares como novo secretário de Comunicação, o PT volta a conversar com as empresas para colocar o projeto em prática. Além das plataformas já citadas, também estão na mira do partido Google, YouTube (ambos da Alphabet), Kwai e X (antigo Twitter).

A previsão é que os treinamentos comecem a partir de outubro, mas antes disso o partido quer definir o público-alvo e o formato dos encontros — se virtuais ou presenciais, e voltados a parlamentares, assessores, lideranças regionais ou secretários de comunicação dos diretórios estaduais.

Fortalecimento digital é prioridade

A nova gestão da comunicação petista entende que, diante da força que a direita — em especial o bolsonarismo — tem conquistado nas redes, é essencial capacitar a militância para atuar de forma mais organizada e eficiente no ambiente digital.

“O PT não pode ignorar o poder de mobilização das redes sociais enquanto nossos adversários fazem delas sua principal ferramenta”, resume um dirigente próximo à cúpula do partido.

A percepção é reforçada pelo próprio presidente Lula. Em evento realizado em junho, o presidente fez um apelo direto à militância: “Vamos fazer uma revolução na rede digital. Cada um de vocês tem que virar um influencer na internet”, disse.

PL já realizou dois eventos com big techs

Enquanto o PT articula os novos treinamentos, o Partido Liberal (PL) do ex-presidente Jair Bolsonaro já realizou duas grandes conferências com a presença das plataformas digitais, reunindo lideranças com alto engajamento nas redes sociais.

A primeira edição aconteceu em Brasília, em fevereiro, e contou com a participação de Bolsonaro e seu filho Carlos Bolsonaro, apontado como o principal estrategista digital do bolsonarismo. O segundo evento foi realizado em Fortaleza, em maio.

As palestras foram marcadas por orientações práticas sobre engajamento digital, como uso de tendências da internet para introduzir conteúdos políticos, além de estratégias de linguagem simplificada para atingir públicos mais amplos.

Os eventos chamaram a atenção pela presença formal de empresas como Meta, Google, CapCut e TikTok, que alegam tratar-se de ações institucionais oferecidas a diversos grupos políticos.

Petistas antes criticaram, agora seguem a mesma linha

A presença das big techs nos eventos do PL chegou a gerar indignação entre petistas. Em junho, a deputada Luizianne Lins (PT-CE) acionou a Procuradoria-Geral Eleitoral e a Polícia Federal, alegando que o PL estaria utilizando os treinamentos para promover estratégias de desinformação e impulsionar ataques contra adversários.

Agora, porém, o PT prepara uma iniciativa semelhante. Dirigentes afirmam que o foco será na defesa de ideias do partido e na ampliação do alcance da comunicação oficial, e não em ataques a oponentes.

PT quer aproveitar “virada de comunicação”

Internamente, a avaliação é que o governo Lula passou por uma virada na comunicação nos últimos meses. Após críticas severas à atuação da Secretaria de Comunicação Social no início do mandato, o presidente substituiu o então secretário Paulo Pimenta pelo publicitário Sidônio Palmeira, marqueteiro de sua campanha.

Com a mudança e maior clareza no discurso do governo, dirigentes acreditam que é hora de fortalecer a divulgação dos feitos da gestão — especialmente nas redes sociais, onde os adversários têm maior presença.

A retomada do projeto de treinamentos marca um reposicionamento estratégico do PT para disputar a narrativa digital com mais força. A ideia é que, em 2026, o partido esteja melhor preparado para enfrentar uma disputa eleitoral cada vez mais marcada pela influência das redes.

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