
A Câmara de Recursos do PT decidiu abrir um processo disciplinar para apurar irregularidades nas eleições internas do partido em Camaçari e Barro Preto, na Bahia, após a revelação de que mortos haviam sido registrados como eleitores. A decisão foi tomada nesta quinta-feira, 24, e inclui a formação de uma comissão estadual para investigar a extensão da fraude e, caso confirmadas, anular os votos das urnas afetadas.

O caso foi descoberto pela reportagem do Estadão, que identificou pelo menos cinco eleitores falecidos em Camaçari e um em Barro Preto. A denúncia foi feita pela chapa Partido Forte, derrotada na eleição interna do PT que escolheu Tássio Brito como novo presidente estadual do partido. A chapa contestante afirmou que o processo eleitoral foi "uma gincana de vale-tudo", destacando que até mortos poderiam votar em uma eleição interna da sigla.
Em sua decisão, a Câmara de Recursos do PT afirmou, por unanimidade, que a votação nas duas cidades teve "irregularidades", mas ainda não definiu o alcance exato das distorções. O partido informou que, após a apuração, se for comprovada a fraude, os votos de falecidos deverão ser anulados.
A chapa derrotada, liderada por integrantes do PT da Bahia, não se conformou com a eleição, afirmando que os resultados refletem uma "maioria fantasmagórica" que não representa a base real do partido. A nota interna da chapa descreve a situação como um exemplo de como o Processo de Eleição Direta (PED) de 2025 foi manipulado, com acusações graves contra a atual direção estadual do PT.
A reportagem teve acesso a documentos que confirmam a presença de mortos nas listas de votação, além dos respectivos certificados de óbito. O diretório estadual do PT na Bahia decidiu anular os votos dos falecidos, mas manteve a eleição válida para as duas cidades. A chapa Partido Forte agora busca recorrer à instância nacional do partido.
