
Durante a sessão ordinária da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), nesta quarta-feira (6), os deputados Pedro Kemp e Gleice Jane, ambos do Partido dos Trabalhadores (PT), usaram a tribuna para criticar as manifestações realizadas em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Os parlamentares também cobraram uma definição do PT sobre a continuidade da legenda na base do Governo Estadual de Eduardo Riedel (PSDB).

Pedro Kemp classificou como "absurda" a mobilização ocorrida na véspera no Congresso Nacional, quando parlamentares bolsonaristas ocuparam as mesas diretoras da Câmara e do Senado em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente. O ato impediu a abertura das sessões e travou votações relevantes, como o projeto que isenta do Imposto de Renda pessoas com salário de até R$ 5 mil.
"Foi uma manifestação que paralisou o Poder Legislativo federal para proteger uma família acusada de crimes graves desde a pandemia. Agora, esse caso está em julgamento no Supremo Tribunal Federal. Esperamos que os responsáveis sejam punidos até setembro", disse Kemp.
Críticas ao silêncio do governo estadual - O deputado também criticou a postura do governador Eduardo Riedel diante do momento político. Para ele, o governo estadual deveria se posicionar de forma mais firme contra ataques à democracia e ao Judiciário. "É lamentável que ataques à economia brasileira e afrontas às instituições não sejam reprovados pelo governador", declarou, referindo-se também ao chamado "tarifaço" imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, que afeta diretamente o agronegócio de Mato Grosso do Sul.
Kemp defendeu abertamente que o PT deixe a base aliada do governo estadual. "Vamos debater essa conjuntura. Eu defendo que deixemos o Governo do Estado", reforçou.

A deputada Gleice Jane também reforçou as críticas ao governo estadual e declarou que o PT deve se afastar imediatamente da gestão de Riedel. Segundo ela, a permanência do partido na base aliada não condiz com os princípios democráticos que a legenda defende.
"É mais do que urgente que o Partido dos Trabalhadores tome essa decisão. O governo estadual já demonstrou mais de uma vez sua conivência com o bolsonarismo. Isso não é saudável para a democracia", afirmou.
A deputada ainda comentou a cena registrada no último domingo (3), em uma manifestação pró-Bolsonaro, em que uma bandeira dos Estados Unidos foi exibida acima da bandeira do Brasil. "Não podemos ser um país subserviente. Esse movimento é grave e exige seriedade no processo político", completou.
PT em dilema político em MS - As declarações dos dois parlamentares expõem um possível rompimento do PT com o Governo Riedel, que ainda conta com integrantes do partido em cargos e funções de articulação política e institucional. Com a aproximação das eleições municipais de 2026, o cenário sinaliza um novo realinhamento entre os blocos políticos do estado.
A expectativa agora recai sobre uma posição oficial do diretório estadual do PT, diante da cobrança pública feita pelos dois deputados mais influentes da legenda na Assembleia Legislativa.
