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JÂNIO QUADROS

Uso de biquíni já foi proibido no Brasil e decreto foi assinado por um campo-grandense

O então presidente da República, Jânio Quadros, proibiu o uso de biquínis em praias e piscinas do território nacional

5 julho 2021 - 09h30Carlos Ferreira
O presidente Jânio Quadros era natural de Campo Grande-MS
O presidente Jânio Quadros era natural de Campo Grande-MS - (Foto: Reprodução)

Peça usada por muitas mulheres no País, o biquíni já foi um traje banido no País. No início dos anos 60, o então presidente do Brasil, o campo-grandense, Jânio Quadros, proibiu o uso de biquínis em praias e piscinas do território nacional. Motivo? Ele considerou-os "indecentes".

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No Brasil, a primeira vez que uma mulher usou o biquíni foi em 1948, dois anos após o lançamento, quando a modelo alemã Miriam Etz veste o traje de banho no Rio de Janeiro.

Uma das aparições mais polêmica nas areias do nosso País foi da atriz Leila Diniz, que desfilou sua gravidez de seis meses na praia de Ipanema usando um biquíni. A imagem se tornou símbolo da liberação feminina na década de 70.

Modelos de biquínis da década de 60

Mas antes disso, Quadros proibiu o uso dos biquínis nas praias, mas também na proibição dos desfiles de concursos de beleza com maiôs pequenos, junto com restrição aos anúncios de “maiôs e peças íntimas de uso feminino” na TV.

Decreto nº 51.182, de 11 de Agosto de 1961

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando das atribuições que lhe confere o artigo 87, item I, da Constituição,

DECRETA:

Art. 1º Nos concursos de beleza, seleções de representantes femininas e semelhantes, as competidoras e participantes não poderão apresentar-se ou desfilar em trajes de banho sendo tolerado o uso de saiote.
Art. 2º As autoridades locais, encarregadas da Polícia de Costumes, tomarão as providências para o fiel cumprimento do estabelecido no artigo anterior.
Art. 3º O presente Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Brasília, D.F., 11 de agôsto de 1961; 140º da Independência e 73º da República.

JÂNIO QUADROS
Oscar Pedroso Horta

Seguindo esta linha, suas ações foram um tanto controversas como: suspensão das rinhas de galo e interdição do uso de lança perfume.

Pouco antes em março, Jânio baixou um decreto criando um modelo de uniforme que os funcionários públicos federais passariam a usar, de humildes motoristas de repartição a graduados professores universitários. O uniforme era um blusão com quatro bolsos e cinto. O modelo dos homens incluía calça; o das mulheres, saia. Esse tipo de blusão era conhecido como slack e se assemelhava a uma roupa de safári. Era um corte que o próprio presidente gostava de trajar. O decreto estabeleceu, no entanto, que o uso seria facultativo.

Anúncio de "slacks" publicado no jornal "Ultima Hora", em 25 de março de 1961

Matéria da Revista Manchete destacando o uso dos uniformes

Para não haver erro, o Diário Oficial publicou as medidas exatas e as cores das peças. Elas poderiam ser compradas prontas em lojas ou encomendadas a costureiras.

Isso demonstrou fragilidade nas metas do plano político proposto, afastando assim, a população e com o tempo, o presidente foi perdendo sua popularidade. Com os vetos, o campo-grandense demonstrou o conservadorismo e autoritarismo de sua figura pública, ocasionando a renúncia que deu início à nova crise que culminou no Golpe Militar.

Capa do jornal Correio do Povo na época em que o então presidente renunciou

Natural de Campo Grande da época em que Mato Grosso do Sul ainda não havia sido criado, Jânio Quadros ascendeu à presidência do governo brasileiro em 1961 eleito com 5,6 milhões de votos e apoiado pela UDN (União Democrática Nacional). Este partido era de centro-direita e aliado com as políticas dos Estados Unidos.

Teve como adversário político o Marechal Henrique Teixeira Lott (1894-1984). Com seu vice-presidente João Goulart (1918-1976), oriundo do PTB, formou a chapa denominada “Jan-Jan”. Jânio Quadros morreu no dia 16 de fevereiro de 1992, aos 75 anos, após complicações causadas por três derrames cerebrais. Os últimos meses de vida dele, já com saúde debilitada, em nada lembrava o jeito populista e extravagante durante a trajetória política.

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