
A relação entre o uso das redes sociais por aliados e as decisões judiciais que atingem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a se evidenciar neste fim de semana. A prisão preventiva decretada neste sábado (22) por Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi a segunda motivada por uma publicação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente.
Desta vez, o estopim foi um vídeo divulgado por Flávio convocando apoiadores para uma vigília em frente ao condomínio onde Jair Bolsonaro cumpria prisão domiciliar, em Brasília. A movimentação foi interpretada por Moraes como fator de risco concreto de fuga e potencial aglomeração, podendo gerar instabilidade semelhante aos atos registrados no fim de 2022, após a derrota eleitoral.
Essa não foi a primeira vez que o senador influenciou decisões do STF sobre o pai. Em 4 de agosto, uma postagem semelhante de Flávio já havia motivado a imposição da prisão domiciliar ao ex-presidente. Na ocasião, Bolsonaro havia feito uma participação por ligação telefônica durante um ato público em Copacabana, organizada por apoiadores. A gravação do telefonema foi divulgada nas redes do senador, o que representou violação às restrições impostas por Moraes.
“Agindo ilicitamente, o réu Jair Messias Bolsonaro se dirigiu aos manifestantes reunidos em Copacabana, produzindo dolosa e conscientemente material pré-fabricado para seus partidários continuarem a tentar coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça”, escreveu Moraes naquele momento.
Na nova decisão, o ministro voltou a destacar o papel das redes sociais na convocação de atos políticos. Moraes apontou que a vigília convocada por Flávio tinha potencial de repetir a mobilização ocorrida em frente a quartéis, no fim de 2022, com “efeitos e consequências imprevisíveis”.
Além disso, a Polícia Federal informou ao STF a ocorrência de uma falha no sinal da tornozeleira eletrônica de Bolsonaro às 0h08 do sábado. O episódio foi mais um elemento considerado para autorizar a prisão preventiva e o recolhimento do ex-presidente à Superintendência da Polícia Federal, onde permanece detido.
STF vai analisar decisão na segunda-feira - A legalidade da prisão será analisada na próxima segunda-feira (24), em sessão extraordinária virtual convocada por Flávio Dino, presidente da Primeira Turma do STF. A análise do colegiado começa às 8h e segue até as 20h.
Enquanto isso, Jair Bolsonaro segue em uma sala especial na sede da PF em Brasília, com atendimento médico em tempo integral e sob restrições de visitas, conforme determinação do STF.

