
A Justiça da Itália decidiu manter nesta quinta-feira (28) a prisão preventiva da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) enquanto o pedido de extradição feito pelo Brasil continua em tramitação. A Corte de Apelação de Roma afirmou que há risco de fuga e, portanto, decidiu manter a detenção da parlamentar, que tenta evitar a prisão após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no Brasil.

De acordo com informações da Advocacia-Geral da União (AGU), a Corte de Apelação considerou que a defesa de Zambelli não conseguiu comprovar suas alegações de perseguição política. Além disso, os juízes italianos apontaram que Zambelli não demonstrou interesse genuíno pela Itália, destacando seu desconhecimento da língua italiana, o que exigiu a nomeação de um intérprete para as audiências.
Problemas de saúde não impedem a prisão
A defesa de Zambelli também alegou problemas de saúde como justificativa para a libertação da deputada, em especial um transtorno depressivo. Contudo, a Corte de Apelação de Roma concluiu que não foram encontradas evidências que sugerissem desejo de automutilação ou comportamento perigoso por parte da deputada. A prisão preventiva foi mantida, pois outras condições de saúde, como distúrbios do sono e mau humor, podem ser tratadas com terapias e consultas médicas.
A fuga e o pedido de extradição
Em maio de 2025, após ser condenada pelo STF a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Carla Zambelli fugiu para a Itália, onde possui dupla cidadania. A deputada foi autora intelectual do hackeamento do CNJ, que resultou na emissão de um mandato falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. O hackeamento foi realizado por Walter Delgatti, que também foi condenado e confirmou ter agido sob ordens de Zambelli.
Após sua fuga, o governo brasileiro formalizou o pedido de extradição da deputada. A solicitação foi oficializada pelo STF em 11 de junho de 2025, e enviada ao governo italiano pelo Itamaraty.
Segunda condenação no Brasil
Além do processo de extradição, Zambelli também enfrentou uma segunda condenação pelo STF. Na semana passada, a deputada foi condenada a cinco anos e três meses de prisão pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com o uso de uma arma. A condenação se refere ao episódio em que Zambelli perseguiu o jornalista Luan Araújo às vésperas do segundo turno das eleições de 2022. A perseguição, que ocorreu em São Paulo, começou após um desentendimento entre a deputada e o jornalista durante um ato político no bairro dos Jardins.
O STF decidiu, por 9 votos a 2, que Zambelli deveria cumprir pena de prisão pelos crimes cometidos durante o episódio.
