
O Partido Liberal suspendeu o salário e interrompeu todas as atividades partidárias de Jair Bolsonaro após o ex-presidente começar a cumprir a pena de 27 anos de prisão determinada pelo Supremo Tribunal Federal. A medida segue a Lei dos Partidos Políticos (Lei 9.096/95), que exige o cancelamento de filiação quando há perda de direitos políticos, e vale enquanto estiverem em vigor os efeitos do acórdão condenatório da Ação Penal 2.668.
Bolsonaro era presidente de honra do PL e recebia R$ 33.873,67 mensais, segundo dados enviados pela sigla ao Tribunal Superior Eleitoral. A decisão encerra também a remuneração, embora internamente o partido tenha discutido alternativas para mantê-la. Em agosto, o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, consultou o advogado Marcelo Bessa sobre a possibilidade de continuar o pagamento mesmo durante a prisão domiciliar. O parecer jurídico defendia que seria “juridicamente possível e recomendável” manter o contrato, alegando inexistência de impedimento para trabalho remoto. A posição, porém, não prevaleceu após a condenação definitiva.
Desde sábado (22), Bolsonaro está detido em uma cela especial na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. Ele havia sido preso preventivamente por tentar violar a tornozeleira eletrônica e criar suspeita de fuga. Na terça-feira (25), o ministro Alexandre de Moraes determinou o início imediato do cumprimento da pena e encerrou o processo. Outros integrantes identificados no “núcleo crucial” da trama golpista foram encaminhados a unidades do sistema penitenciário e das Forças Armadas.
Mesmo preso, Bolsonaro tem recebido visitas autorizadas pelo STF. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro — que também recebe R$ 33.873,67 como presidente do PL Mulher — e os filhos que vivem no Brasil estiveram com ele nos últimos dias. Michelle tem enviado refeições ao marido por meio do irmão, Eduardo Torres, presença constante durante o período de prisão domiciliar, quando as visitas familiares não exigiam autorização prévia.


