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DENÚNCIA

PGR denuncia deputado Loester Trutis por forjar o próprio atentado em MS

O suposto atentado denunciado pelo deputado teria ocorrido em 16 de fevereiro de 2020, quando o parlamentar, acompanhado do assessor Ciro Fidelis, afirmou ter sofrido uma emboscada a caminho de um evento político em Mato Grosso do Sul

4 outubro 2021 - 14h40Carlos Ferreira
O deputado Trutis alegou que foi alvo de atentado
O deputado Trutis alegou que foi alvo de atentado - (Foto: Reprodução)

A situação do deputado federal Loester Trutis (PSL/MS) não está em bons lençóis. A Procuradoria-Geral da República (PGR) está denunciando pelos crimes de falsa comunicação de crime, porte ilegal e disparo de arma de fogo, após forjar um suposto atentado e atribuir a culpa a supostos inimigos políticos O inquérito foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que decide se acolhe ou não a denúncia.

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O suposto atentado denunciado pelo deputado teria ocorrido em 16 de fevereiro de 2020, quando o parlamentar, acompanhado do assessor Ciro Fidelis, afirmou ter sofrido uma emboscada a caminho de um evento político em Mato Grosso do Sul. Ambos sustentaram a versão à polícia, mas as provas juntadas ao processo refutam a narrativa.

Com base nas provas balísticas, foi constatado ser impossível que, pela posição em que estariam, os dois tivessem saído sem ferimentos de dentro do carro. No local onde Trutis e o assessor disseram ter acontecido a abordagem, também não foi verificada nenhuma movimentação. Ao contrário, o que se constatou foi que o carro atingido pelos disparos fez um desvio para uma estrada de terra, onde foram encontradas as cápsulas das balas. O GPS do veículo onde estava o parlamentar também confirmou o percurso.

“Segundo consta dos autos, diversos laudos periciais, relatórios e informações policiais, além de oitivas, revelaram a real dinâmica dos fatos e refutaram a versão inicialmente apresentada pelos denunciados à Polícia Federal”, sustenta a denúncia, assinada pelo vice-PGR, Humberto Jacques.

Além de Trutis, a denúncia mira o assessor dele, Ciro Fidelis, que manteve a narrativa durante o inquérito policial. A PGR encaminhou a denúncia ao Supremo por entender que, ainda que forjado, o crime tem relação com as atividades parlamentares de Trutis, o que lhe garante o foro privilegiado.

Entre as justificativas da PGR para o envio do documento ao STF e não à primeira instância há o fato de os ocupantes estarem a caminho de um evento político quando os disparos aconteceram. “Ademais, em depoimento, Loester afirmou que a situação ocorrida 'certamente decorre de sua atuação como deputado federal, pois em razão de sua atuação acaba irritando muita gente no estado de Mato Grosso do Sul, e que não haveria nenhuma razão para esse atentado estar relacionado a sua vida privada’.”

À época, Trutis chegou a fazer postagens nas redes sociais, afirmando que o carro em que estava havia sido alvejado por, no mínimo, cinco disparos. Aproveitou a ocasião para defender o porte de arma, pauta recorrente do deputado bolsonarista. “Meu pai dizia: ‘Tenha fé, mas vá armado’. Graças a Deus pude revidar e aguardar a polícia. Quem achou que eu ia parar ou me calar, digo que estamos apenas começando”, escreveu.

O parlamentar ainda afirmou que não daria entrevistas “por não acreditar na seriedade da imprensa digital do MS (Mato Grosso do Sul)”. Em outra postagem, rebateu piadas e acusações de que o ocorrido se tratava de uma simulação.

“Os leigos e engraçadinhos ‘esquecem’ que no MS o crime organizado sempre teve participação na política. Cigarreiros, traficantes e líderes de esquadrões da morte se tornaram vereadores, deputados e quase fizeram até um governador”, sustentou, voltando a defender o porte de arma.

O carro em que Trutis estava era alugado, e, por ser ação penal privada, a PGR pede a intimação da empresa de locação de automóveis para que, querendo, entre com ação penal privada contra o deputado por crime de dano. A denúncia foi encaminhada pela PGR ao STF, que vai decidir sobre o acolhimento ou não. A relatoria está nas mãos da ministra Rosa Weber. Com informações da Bruna Lima, do R7.

A reportagem tenta contato com o deputado, mas sem sucesso. O espaço fica aberto para posicionamentos.

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