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POLÍTICA

PGR denuncia casal que arrecadou R$ 1 milhão para acampamento golpista em Brasília

Rubem Abdalla e Eloísa da Costa Leite são acusados de associação criminosa e incitação aos atos de 8 de janeiro de 2023

11 agosto 2025 - 22h00Rayssa Motta
Cartaz com pedido de doação na Barraca do Abdalla.
Cartaz com pedido de doação na Barraca do Abdalla. - (Foto: Reprodução/processo judicial)
Terça da Carne

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Rubem Abdalla Barroso Júnior e Eloísa da Costa Leite por associação criminosa e incitação ao crime. O casal é acusado de arrecadar mais de R$ 1 milhão para financiar a alimentação de manifestantes no acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022.

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Segundo a denúncia, Rubem administrava a chamada “Barraca do Abdalla”, que oferecia café da manhã, almoço e jantar gratuitos aos participantes. As doações eram recebidas por meio da chave Pix de Eloísa, que teve o sigilo bancário quebrado durante as investigações. Entre novembro de 2022 e janeiro de 2023, ela recebeu cerca de R$ 1 milhão e repassou R$ 738 mil para outras contas, usados principalmente para compra de mantimentos.

A PGR afirma que o casal prestou “suporte material e moral” para os atos golpistas de 8 de janeiro. Parte do dinheiro arrecadado teria sido usada para incitar manifestações contra o resultado eleitoral. A investigação aponta ainda que “há fortes indícios de que os valores recebidos tenham sido convertidos em benefício próprio”.

Após a desmobilização do acampamento, Rubem realizou 17 saques em espécie, totalizando R$ 19,3 mil, o que, segundo a PGR, indicaria tentativa de burlar mecanismos de controle financeiro. A Polícia Federal também identificou o acusado em uma transmissão ao vivo, em 4 de janeiro de 2023, convocando manifestantes a viajarem para Brasília.

“Reúna seus guerreiros, paguem o ônibus, faça esse esforço, chamem os empresários, o agronegócio, mas migrem para Brasília, o ponto de encontro é o QG”, disse Rubem no vídeo.

A denúncia, apresentada em 9 de julho, teve o sigilo levantado nesta segunda-feira (11). O órgão ofereceu ao casal a possibilidade de um acordo de não persecução penal (ANPP), que pode evitar processo criminal caso haja confissão, pagamento de multa e prestação de serviços comunitários. O benefício é restrito a crimes sem violência e com pena máxima de até quatro anos.

Até a publicação desta matéria, o Estadão não conseguiu localizar as defesas de Rubem e Eloísa.

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