
A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (17) uma operação contra um esquema de corrupção que movimentou cerca de R$ 1,5 bilhão envolvendo servidores públicos e empresários dos setores ambiental e de mineração. De acordo com as investigações, o grupo fraudava autorizações ambientais para exploração ilegal de minério de ferro, inclusive em áreas protegidas e próximas a locais tombados.

A operação cumpre 22 mandados de prisão preventiva e 79 de busca e apreensão, além de afastamentos de servidores públicos. A Justiça Federal de Minas Gerais também determinou o bloqueio de R$ 1,5 bilhão em bens e a suspensão das atividades de empresas ligadas ao esquema.
Um dos alvos da operação é Caio Mário Trivelatto Seabra Filho, atual diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM) em Brasília, preso sob suspeita de receber propina para beneficiar empresas do setor. A sede da ANM foi alvo de mandado de busca e apreensão. Um ex-diretor da agência, Guilherme Santana Lopes, também é alvo de prisão.
Segundo a PF, Caio teria atuado para favorecer a empresa Aiga Mineração, interferindo até mesmo em pareceres da Procuradoria Federal Especializada da ANM, ignorando decisões judiciais desfavoráveis ao grupo.
De acordo com a Polícia Federal, o grupo criminoso era liderado por Alan Cavalcante do Nascimento, Helder Adriano de Freitas e João Alberto Paixão Lages, ligados às empresas Mineração Gute Sight e Fleurs Global Mineração. Posteriormente, os três se tornaram sócios de fato do Grupo Minerar, criado com o objetivo de viabilizar os crimes.
A organização atuava comprando decisões de órgãos ambientais para obter licenças e autorizações fraudulentas, o que possibilitava a exploração ilegal de minério de ferro em larga escala, em áreas de alto risco socioambiental.
A ex-superintendente do Iphan em Minas Gerais, Débora França, também é citada na investigação. Segundo a PF, ela teria favorecido interesses dos empresários enquanto estava no cargo e, posteriormente, se beneficiado financeiramente por meio de uma empresa própria.
O esquema, de acordo com a PF, gerou “graves consequências ambientais” e envolveu exploração mineral em locais sensíveis, elevando o risco de desastres sociais. “As condutas dos investigados afrontam diretamente a legalidade e a imparcialidade da administração pública”, afirma a corporação em nota.
A operação marca mais um capítulo na luta contra esquemas de corrupção que comprometem a preservação ambiental e a segurança jurídica no setor mineral brasileiro.
