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CASO ABIN

PF desconfia de reunião da cúpula da Abin durante operação e intima servidores

Reunião convocada pelo chefe do órgão, Luiz Fernando Corrêa, em meio às diligências da Operação Vigilância Aproximada acendeu sinal de alerta para investigadores que apuram suposto 'conluio' entre a atual gestão da Abin e servidores que já estavam na mira

28 janeiro 2024 - 18h20Pepita Ortega, Fausto Macedo e Rayssa Motta
Polícia Federal abriu operação para apurar uso de equipamentos da Agência Brasileira de Inteligencia (Abin) para espionagem ilegal
Polícia Federal abriu operação para apurar uso de equipamentos da Agência Brasileira de Inteligencia (Abin) para espionagem ilegal - (Foto: Wilton Junior/Estadão)

A Polícia Federal investiga a conduta do alto escalão da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no contexto das ações da Operação Vigilância Aproximada, que busca apurar um suposto monitoramento ilegal para atender aos interesses do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A cúpula da Agência realizou uma reunião extraordinária no mesmo dia em que a PF conduziu diligências em 25 de janeiro. Agora, os investigadores estão ouvindo servidores para entender o conteúdo dessa reunião.

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Três funcionários da Abin foram convocados para depor sobre o episódio. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo e confirmada pelo Estadão. A averiguação da PF sobre a reunião interna se dá no bojo do braço da investigação sobre suposto 'conluio' entre a atual gestão do órgão e servidores que já estavam na mira da PF.

A reunião sob suspeita ocorreu no final da manhã da quinta-feira (25), antes de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, levantar o sigilo da decisão que mobilizou agentes da PF para cumprirem 21 mandados de busca e apreensão. O principal alvo da ofensiva foi o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que comandou a agência na gestão Bolsonaro e hoje é pré-candidato à prefeitura do Rio com o apoio do ex-chefe do Executivo.

A linha investigativa que tem a cúpula da Abin na mira apura se, a pretexto de proteger informações "sensíveis", a agência estaria dificultando acesso a dados necessários ao avanço da investigação. Como mostrou o Estadão, a PF entende que a cúpula da agência estaria preocupada, na verdade, com a exposição da espionagem clandestina de autoridades.

"A preocupação de 'exposição de documento' para segurança das operações de 'inteligência', em verdade, é o temor da progressão das investigações com a exposição das verdadeiras ações praticadas na estrutura paralela, anteriormente, existente na Abin", diz um trecho do relatório da PF que culminou na Operação Vigilância Aproximada.

A PF crava que a conduta prejudicou a investigação. "A direção atual da Abin realizou ações que interferiram no bom andamento da investigação sem, contudo, ter sido possível identificar o intento das ações."

Luiz Fernando Corrêa, atual chefe da Abin, responsável por convocar a reunião no dia 25, ainda teria estado presente, segundo a PF, na reunião em que o ex-diretor da agência e sucessor de Ramagem, Alessandro Moretti, afirmou que a investigação tinha "fundo político e iria passar".

A PF ouviu dos investigados que a direção atual da Abin teria se comprometido a "construir uma estratégia em conjunto" e "convencer o pessoal que há apoio lá de cima".

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