
A Polícia Federal afirma que o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, é o dono de fato da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e da Aquicultura (CBPA), entidade investigada por realizar descontos indevidos em aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). As informações constam na quinta fase da Operação Sem Desconto, deflagrada na última quinta-feira (18).
De acordo com a PF, a CBPA arrecadou cerca de R$ 99 milhões por meio de descontos não autorizados nos benefícios de aposentados e pensionistas, registrando um crescimento expressivo a partir de 2023. As investigações indicam que a confederação era controlada informalmente por Antunes e outros dois aliados, embora não estivessem oficialmente à frente da entidade.
“As evidências reunidas na investigação demonstram, de forma clara e consistente, que Gabriel Negreiros, Antônio Camilo e Tiago Schettini atuam como donos de fato da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA)”, afirma a Polícia Federal em relatório da operação.
Segundo os investigadores, a estrutura da confederação teria sido utilizada para viabilizar o desvio de recursos descontados diretamente das aposentadorias. Parte do dinheiro arrecadado pela CBPA foi transferida para uma empresa ligada a Antônio Carlos Camilo Antunes, com o objetivo de ocultar a origem dos valores e beneficiar os responsáveis pelo esquema.
A defesa do empresário informou que não irá se manifestar no momento, alegando não ter tido acesso aos autos do processo. As defesas de Gabriel Negreiros e Tiago Schettini não foram localizadas para comentar o caso até a publicação desta reportagem.
Negreiros e Schettini foram alvos de mandados de prisão expedidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, responsável por autorizar a nova fase da Operação Sem Desconto. As ordens judiciais fazem parte do esforço para aprofundar as investigações e interromper a atuação do grupo suspeito de liderar o esquema.
A Operação Sem Desconto apura um sistema de descontos ilegais aplicados em benefícios previdenciários sem o consentimento dos aposentados. Segundo a Polícia Federal, associações e entidades utilizavam cadastros irregulares para autorizar cobranças mensais, desviando os valores arrecadados para dirigentes e operadores financeiros ligados ao esquema.
Nesta fase da investigação, autorizada pelo STF, foram cumpridos 16 mandados de prisão preventiva e 52 mandados de busca e apreensão em sete estados: Distrito Federal, São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão.
Os crimes investigados incluem inserção de dados falsos em sistemas oficiais, organização criminosa, estelionato previdenciário e dilapidação patrimonial. A PF aponta que o esquema causou prejuízo direto a milhares de beneficiários do INSS, muitos deles sem conhecimento dos descontos aplicados em seus proventos.
A apuração segue em andamento e novas fases da operação não estão descartadas, segundo fontes ligadas à investigação.

