
A atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) continua sendo amplamente criticada pelos brasileiros, conforme revelou uma pesquisa do Datafolha divulgada nesta terça-feira, 5. De acordo com o levantamento, 36% dos entrevistados avaliam como ruim ou péssima a performance dos ministros da Corte. Em contrapartida, apenas 29% consideram o trabalho dos juízes ótimo ou bom, enquanto 31% afirmam que o desempenho é regular. Outros 4% não souberam opinar.

A pesquisa também mostrou que uma grande parte da população, 68%, acredita que o STF prioriza seus próprios interesses, enquanto apenas 27% afirmam que a Corte tem em mente o bem da população. Os dados foram coletados entre os dias 29 e 30 de julho, antes da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), decretada pelo ministro Alexandre de Moraes por descumprir medidas cautelares.
A prisão de Bolsonaro gerou uma série de ataques contra o STF por seus apoiadores, incluindo membros da família Bolsonaro e aliados políticos. A alegação é de que a Corte estaria prejudicando a democracia brasileira, com alguns defendendo até o impeachment de Moraes. Deputados como Luciano Zucco (PL-RS) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) se juntaram a essa campanha, incentivando o uso do slogan "vingança não é justiça" nas redes sociais contra o STF.
A pesquisa do Datafolha também detalhou a disparidade de opiniões entre os diferentes grupos políticos. Entre os bolsonaristas, 81% desaprovam a atuação do STF, enquanto apenas 2% expressam apoio. Já entre os petistas, a maioria (59%) tem uma visão positiva da Corte, e apenas 9% têm uma avaliação negativa.
Comparando com o levantamento de março de 2024, a reprovação ao STF aumentou. Naquela época, 28% dos brasileiros reprovavam o trabalho dos ministros, enquanto 29% eram favoráveis. Naquele momento, a maior parte dos entrevistados (40%) considerava a atuação do STF regular.
Esse aumento na reprovação do STF pode ser atribuído aos embates constantes entre a Corte e figuras políticas, especialmente após as sanções impostas a oito ministros do Supremo, que tiveram seus vistos americanos cassados em retaliação às investigações contra Jair Bolsonaro. A campanha de ataques foi impulsionada por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que, exilado nos Estados Unidos, tem defendido sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, incluindo a aplicação da Lei Global Magnitsky, que restringiria o acesso de Moraes a bens e serviços nos EUA.
