
Em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), o comentarista político Paulo Figueiredo usou as redes sociais para elogiar o voto do ministro Luiz Fux, destacando o que considera ser uma diferença de nível intelectual em relação aos demais ministros. A manifestação repercutiu no ambiente político e reforçou o apoio de Figueiredo à ala bolsonarista.

"A diferença do voto do ministro Fux para os demais está inclusive no nível intelectual. A diferença entre um discurso político e uma tese jurídica. Não há como negar que Fux honra a toga", escreveu Paulo Figueiredo nesta quarta-feira, 10, em seu perfil na plataforma X (antigo Twitter).
Paulo é neto do general João Batista Figueiredo, último presidente do regime militar no Brasil, e tem atuado como voz ativa nas redes e em veículos de comunicação alinhados à direita. Ele mantém relação próxima com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, atualmente licenciado do cargo de deputado federal.
A fala veio à tona no contexto da análise do STF sobre o envolvimento de Bolsonaro em uma suposta tentativa de golpe de Estado, relacionada aos atos antidemocráticos ocorridos após as eleições de 2022. No voto, Fux demonstrou cautela ao questionar a competência da Primeira Turma do Supremo — e da própria Corte — para julgar o caso envolvendo o ex-presidente.
Esse posicionamento abriu margem para interpretações favoráveis à defesa de Bolsonaro, embora ainda esteja longe de definir os rumos do processo. O julgamento segue em andamento, com expectativa de novos votos nos próximos dias.
A manifestação de Figueiredo não passou despercebida, sendo compartilhada por perfis aliados ao ex-presidente. Nas entrelinhas, o elogio a Fux também funciona como crítica indireta aos demais ministros do STF, apontando que o julgamento estaria sendo conduzido com viés político por parte de alguns magistrados.
Ainda que o Supremo tenha reiterado sua autoridade para julgar casos envolvendo ameaças ao Estado Democrático de Direito, o voto de Fux se destaca por levantar uma ponderação sobre os limites institucionais da Corte.
Especialistas avaliam que, embora o ministro não tenha dado parecer conclusivo sobre o mérito, sua posição contribui para o debate sobre os contornos jurídicos e políticos do julgamento. Para apoiadores de Bolsonaro, qualquer sinal de divergência dentro do STF é visto como potencial vantagem.
Até o momento, o Supremo tem formado maioria favorável à responsabilização do ex-presidente, com base em investigações conduzidas pela Polícia Federal e pela Procuradoria-Geral da República. As acusações incluem tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, entre outros crimes.
Nos bastidores de Brasília, a fala de Paulo Figueiredo reforça uma estratégia da direita de identificar e valorizar vozes institucionais que relativizem ou suavizem a responsabilização de Bolsonaro. Ao enaltecer a "tese jurídica" de Fux, o comentarista sugere que há espaço para outro tipo de interpretação legal que vá além das leituras políticas predominantes na Corte.
Apesar disso, a tendência é que o STF mantenha o julgamento dentro de sua jurisdição, consolidando sua posição como guardião da Constituição diante de ameaças institucionais.
