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19 de setembro de 2025 - 19h13
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POLÍTICA

Relator da anistia a golpistas defende reduzir penas em vez de perdão total

Paulinho da Força busca alternativa à anistia ampla e diz que vai negociar texto com STF, Senado e governo para evitar conflito institucional

19 setembro 2025 - 09h25Vera Rosa, Levy Teles, Carolina Brígido, Victor Ohana, Gabriel Hirabahasi e Mateus Maia
Paulinho da Força, relator do projeto da anistia, diz que proposta reduzirá penas de 'todos' os envolvidos nos atos golpistas
Paulinho da Força, relator do projeto da anistia, diz que proposta reduzirá penas de 'todos' os envolvidos nos atos golpistas - Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados
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Recém-escolhido relator do projeto de anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro, o deputado Paulo Pereira da Silva (Solidariedade-SP), conhecido como Paulinho da Força, afirmou que pretende propor um texto mais moderado, substituindo a ideia de perdão total por uma proposta focada na redução de penas. A estratégia busca construir um consenso político e jurídico que evite o desgaste institucional com o Supremo Tribunal Federal (STF), que já se posicionou contra uma anistia ampla.

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"Vamos tentar agradar a gregos e troianos", disse Paulinho em entrevista à GloboNews, ao defender um "texto pacificado" e de centro, sem favorecer direita ou esquerda. O parlamentar afirmou que o objetivo é evitar o confronto com o STF e buscar um acordo que atenda à maioria da população e ao ambiente político do Congresso.

Paulinho disse que pretende conversar diretamente com ministros do STF, com o Senado e com o governo Lula para construir um projeto que tenha apoio político e jurídico. Segundo ele, não faz sentido aprovar um texto que depois será barrado pela Corte.

O STF já deixou claro que não aceitará a inclusão do ex-presidente Jair Bolsonaro entre os beneficiados, tampouco a anistia a quem cometeu crimes de tentativa de golpe de Estado. Ministros como Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Gilmar Mendes afirmaram que crimes contra a democracia não são passíveis de anistia, mesmo que haja acordo político no Congresso.

Urgência aprovada e derrota para o governo

A Câmara dos Deputados aprovou, nesta semana, o requerimento de urgência para a tramitação do projeto de anistia, com 311 votos favoráveis, 162 contrários e sete abstenções. A aprovação representa mais uma derrota para o governo Lula, que tenta conter o avanço da proposta em sua forma original.

A base governista, embora contrária à anistia ampla, tem divergências internas sobre uma possível redução de penas para manifestantes condenados. O próprio presidente Lula, em conversa com aliados, teria sinalizado que não se opõe a um acordo para reduzir as penas dos envolvidos, desde que Bolsonaro fique de fora.

A declaração gerou desconforto no PT. A deputada Maria do Rosário (PT-RS), por exemplo, criticou a proposta, dizendo que redução de pena é uma anistia disfarçada.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), já declarou que não aceitará uma anistia ampla, geral e irrestrita. Paulinho, no entanto, disse que tem mantido diálogo com Alcolumbre e acredita que será possível construir um texto conjunto com a Casa.

"A ideia é construir alguma coisa que agrade a maioria, inclusive no Senado. Não existe a possibilidade de esse projeto não ser votado", afirmou o relator. Segundo ele, o risco de a proposta ser engavetada é "zero".

Oposição e defesa de Bolsonaro já falam em plano B

Com o avanço do processo no STF e a condenação de 27 anos e 3 meses de prisão imposta a Jair Bolsonaro, aliados do ex-presidente passaram a considerar um plano alternativo: garantir que ele cumpra a pena em regime domiciliar, diante dos problemas de saúde e das frequentes idas ao hospital. A estratégia seria mais viável do que insistir em uma anistia que inclui o ex-presidente — algo já descartado por ministros do STF.

Em nota, Alexandre de Moraes desmentiu qualquer possibilidade de acordo com o Legislativo: "O STF não faz acordos. O STF aplica a lei", afirmou o ministro, rebatendo rumores sobre um suposto acerto nos bastidores.

A articulação de Paulinho da Força surge como uma tentativa de mediar uma crise entre Congresso, Judiciário e Executivo. Ao propor uma solução intermediária, o relator espera aprovar um texto que reduza as penas dos condenados sem anistiar crimes graves, especialmente os relacionados à tentativa de golpe.

Apesar das incertezas, o tema deve continuar no centro do debate nas próximas semanas, com impacto direto nas relações entre os Poderes e nas votações de interesse do governo no Congresso.

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