
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou nesta quinta-feira (13) que a votação apertada que garantiu a recondução do procurador-geral da República, Paulo Gonet, não deve ser interpretada como um sinal contrário ao nome preferido do governo para o Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, as indicações ao STF e à PGR são processos independentes e não se influenciam mutuamente.
Na sessão de quarta-feira (12), Gonet foi aprovado por 45 votos dos 81 senadores, número bem abaixo dos 65 votos que havia recebido em sua primeira nomeação, em 2023. O resultado foi lido por alguns parlamentares como um recado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que articula a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga deixada pela ministra Rosa Weber no STF.
“São coisas independentes, são indicações independentes. Uma indicação não depende da outra”, declarou Pacheco, ao ser questionado por jornalistas no Congresso. Para ele, é natural que uma recondução tenha menos votos do que uma nomeação inicial. “Isso é comum. Na recondução, você tem menos votos mesmo. É algo natural”, disse.
Jogo político no Senado - Embora o Palácio do Planalto mantenha a preferência por Jorge Messias, o nome de Pacheco é citado com frequência nos bastidores como o favorito da maioria dos senadores para ocupar a vaga no Supremo. Parlamentares alegam que o presidente do Senado tem um bom trânsito no Congresso e conhece profundamente o processo legislativo, o que pesaria a favor de sua indicação.
Mesmo assim, Pacheco mantém cautela e disse que ainda não foi chamado para conversar com Lula sobre o tema. “Aguardamos o momento certo. Não há data para essa reunião, mas estamos à disposição”, afirmou.
A Coluna do Estadão revelou que a votação apertada de Gonet foi interpretada por parte do Senado como um aviso ao Planalto de que o nome de Messias enfrentaria resistência na Casa. Apesar disso, integrantes do governo dizem que a avaliação interna é de que o resultado foi satisfatório, dada a conjuntura política atual.
“Essas dificuldades do governo com votações no Senado não são novas. Em vários temas temos enfrentado margens apertadas. Isso não é exclusivo de indicações”, ponderou Pacheco.
Cenário de incertezas - A indicação para o Supremo é uma das decisões mais aguardadas por Brasília. Com a aposentadoria de Rosa Weber, Lula terá a oportunidade de fazer sua terceira nomeação para o STF em seu terceiro mandato — o que pode consolidar uma maioria progressista na Corte.
Jorge Messias é considerado um nome de confiança do presidente, tendo atuado como assessor jurídico em governos anteriores do PT. Já Pacheco é visto como um possível “consenso” dentro do Senado, que pode evitar desgastes e acelerar a aprovação.
Por ora, o Planalto evita confirmar qualquer decisão. A tendência é que a escolha ocorra ainda em novembro, uma vez que o STF tem atuado com quórum reduzido desde a saída de Rosa Weber.

