
Na segunda parte da rodada de entrevistas com os candidatos vice-prefeito de Campo Grande, o empresário e candidato a vice-prefeito de Campo Grande na chapa liderada por Rose Modesto (União Brasil), Roberto Oshiro, destacou sua trajetória marcada pelo empreendedorismo e seu compromisso com a defesa dos pequenos empresários.

Em entrevista ao jornal A Crítica, Oshiro detalhou seus planos para a cidade, abordando temas como reforma administrativa, saúde, educação e o combate à velha política. Com mais de 20 anos de atuação em diversos setores, desde o mercado imobiliário até startups de mobilidade urbana, ele enfatiza a necessidade de uma gestão mais eficiente e focada nas reais demandas da população.
A carreira de Oshiro teve início no ramo de empreendimentos imobiliários e se expandiu para outras áreas, como salão de beleza, restaurante e, mais recentemente, uma startup na área de mobilidade urbana. Essa trajetória consolidou sua atuação em prol dos empresários, especialmente os pequenos, que ele considera os mais afetados pela falta de apoio e informações.
Roberto Oshiro, destacou sua trajetória marcada pelo empreendedorismo e seu compromisso com a defesa dos pequenos empresários
"Quem mais sofre é o pequeno empresário, pois os grandes têm condições de contratar bons advogados, contadores e especialistas. Já os pequenos, muitas vezes, não têm sequer acesso à informação. Foi por eles que lutamos todos esses anos, tanto em Mato Grosso do Sul quanto em Brasília, defendendo o Simples, ampliando seu teto e criando o MEI", afirmou Oshiro, destacando a importância da inclusão promovida pelo MEI para os mais de 77 milhões de brasileiros que viviam à margem do sistema.
Oshiro tem experiência na articulação política, especialmente em defesa dos direitos dos empresários. Ele atuou como coordenador político e de relações governamentais da Confederação das Associações Comerciais do Brasil, onde muitas vezes enfrentou dificuldades para implementar mudanças devido à falta de vontade política dos gestores públicos. "Por isso, surgiu a necessidade de contribuir de dentro, para avançar em pontos importantes para a população", explicou.
Oshiro faz um diagnóstico preciso dos problemas financeiros enfrentados por Campo Grande. Segundo ele, apesar do aumento de 62% na receita do município, as despesas com pessoal cresceram mais de 75%, principalmente devido à ampliação de cargos comissionados, que "nem sempre são necessários". Ele aponta a existência de uma "folha secreta", que chega a R$ 368 milhões.
Para enfrentar essa situação, ele propõe uma reforma administrativa já no primeiro semestre da gestão, caso seja eleito. "Precisamos cortar essas 'gorduras' com uma reforma administrativa imediata a partir do primeiro semestre de nossa gestão. Após isso, será necessário elaborar uma lei orçamentária para o ano seguinte", explicou. O objetivo é reorganizar as despesas, realocando os recursos para atender às principais necessidades da população: saúde, educação e infraestrutura.
Além disso, Oshiro ressalta a importância de pensar em um planejamento estratégico de longo prazo, propondo um projeto de 20 anos para a cidade. "É fundamental parar de pensar apenas em ciclos de quatro anos e focar em um planejamento estratégico de 20 anos, com uma visão de Estado, e não apenas de gestão. Campo Grande precisa desse projeto de longo prazo e de uma redução da burocracia, que atualmente prejudica os empreendedores na cidade."
Oshiro faz um diagnóstico preciso dos problemas financeiros enfrentados por Campo Grande
Oshiro critica a falta de diálogo das últimas gestões com a população, citando o corredor de ônibus no meio da rua como um exemplo de projeto que não levou em consideração as demandas dos moradores. "Nós avisamos e imploramos para não cometer esse erro. Dissemos que isso mataria o comércio e colocaria vidas em risco, mas não fomos ouvidos. Como resultado, pessoas perderam a vida", afirmou, lembrando do acidente recente em que uma pessoa perdeu a perna na região da Brilhante com a Bandeirantes.
Para ele, é necessário ouvir a população para definir as prioridades em cada região da cidade, buscando soluções práticas e seguras para os problemas de infraestrutura e mobilidade urbana.
Saúde e educação - O candidato aponta a necessidade de melhorar a gestão da saúde na capital, destacando o desafio de atender a um número de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) que excede a população local. "Campo Grande tem quase 900 mil habitantes, mas conta com 1,5 milhão de cartões do SUS. Durante a pandemia, constatamos que 40% dos leitos eram ocupados por pessoas que não eram de Campo Grande, vindas do interior ou até de outros países", relatou.
Diante desse cenário, Oshiro propõe uma negociação com o governo do Estado para rever o repasse do ICMS. "Precisamos apresentar dados mostrando que estamos atendendo não apenas a população local, mas também moradores de cidades como Sidrolândia, Dourados, Corumbá e Três Lagoas. Precisamos rediscutir esse repasse", explicou.
Na área da educação, Oshiro enfatiza a urgência de concluir obras paradas há mais de 12 anos. "Recebemos recursos do governo federal, mas não concluímos as obras, ficando com o 'nome sujo' e impedidos de acessar mais recursos. Isso precisa mudar", afirmou. Ele menciona que com R$ 30 milhões seria possível concluir 17 Centros de Educação Infantil (CEINFs) e liberar 1.700 vagas, auxiliando mães que precisam trabalhar e enfrentam dificuldades por falta de creches.
Outro problema apontado é o horário de funcionamento das creches, que fecham às 16h. Para ele, é necessário estender o horário de atendimento até às 18h para atender às necessidades das mães trabalhadoras.
Combate à velha política e convite à participação popular - Oshiro critica a "velha política" que, segundo ele, tem prejudicado a cidade. "As pessoas estão cansadas dessa velha política, onde, durante o período eleitoral, há uma enxurrada de recursos e o uso da máquina do Estado ou da prefeitura para influenciar o processo eleitoral", destacou.
Ele faz um convite à população para participar do projeto que ele e Rose Modesto propõem, ressaltando que o objetivo é servir e representar os moradores da capital. "Estamos perdendo indústrias para outros municípios e até outros estados, e os empreendedores de Campo Grande estão cansados de esperar um alvará ou habite-se por mais de um ano. Essa situação reflete o sentimento comum de toda a população: estamos cansados de não sermos ouvidos em nossas necessidades."
Na área da educação, Oshiro enfatiza a urgência de concluir obras paradas há mais de 12 anos
Oshiro também esclarece seu papel como vice na chapa de Rose Modesto, afirmando que não será um "vice figurativo". "Fui chamado para participar ativamente, colaborar e ajudar a conduzir a gestão. A ideia é contribuir com as reformas administrativas essenciais logo no início, para garantir recursos e investir no que a população realmente precisa: saúde, educação e pavimentação", explicou.
Com experiência técnica e articulação política em âmbito nacional, Oshiro se propõe a trabalhar para transformar Campo Grande em uma cidade moderna e preparada para o futuro. "Há muitas ferramentas de inteligência artificial que poderiam ser implementadas para melhorar o atendimento à população. Estou preparado e sempre ao lado da Rose para enfrentar os desafios, mas sem nenhuma pretensão de assumir o cargo dela ou de qualquer outro. Meu objetivo é trabalhar em prol de uma boa gestão para Campo Grande, pensando em um planejamento estratégico de longo prazo", finalizou. Confira a entrevista na íntegra:
